Veja dois poemas do livro "Ariel", de Sylvia Plath
Veja poemas de Sylvia Plath extraídos do livro "Ariel" (ed. Verus, tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo). A tradução em português é seguida pelo poema original em inglês.
Canção da manhã
O amor faz você funcionar como redondo relógio de ouro.
A parteira bateu em seus pés, e seu grito nu Tomou lugar entre os elementos.
Nossas vozes ecoam, exaltando sua chegada. Estátua nova Num museu arejado, sua nudez Assombra nossa segurança. Ficamos ao redor, brancos como paredes.
Sou sua mãe
Tanto quanto a nuvem que destila um espelho que reflete seu lento Desaparecimento na mão do vento.
A noite toda seu hálito de mariposa
Flutua entre rosas lisas. Acordo e ouço:
Longe, um mar se move em meu ouvido.
Um grito, e cambaleio para fora da cama, vaca obesa e florida Em minha camisola vitoriana.
Sua boca se abre, limpa como a de um gato. A janela
Embranquece e engole suas estrelas torpes. E agora você ensaia Seu punhado de notas; As vogais claras sobem como balões.
Morning Song
Love set you going like a fat gold watch.
The midwife slapped your footsoles, and your bald cry Took its place among the elements.
Our voices echo, magnifying your arrival. New statue In a drafty museum, your nakedness Shadows our safety. We stand round blankly as walls.
I'm no more your mother
Than the cloud that distils a mirror to reflect its own slow Effacement at the wind's hand.
All night your moth-breath
Flickers among the flat pink roses. I wake to listen:
A far sea moves in my ear.
One cry, and I stumble from bed, cow-heavy and floral In my Victorian nightgown.
Your mouth opens clean as a cat's. The window square
Whitens and swallows its dull stars. And now you try Your handful of notes; The clear vowels rise like balloons.
*
Ariel
Estase no escuro.
E um fluir azul sem substância
De rochedos e distâncias.
Leoa de Deus,
Como nos unimos,
Eixo de calcanhares e joelhos! O sulco
Divide e passa, irmão do
Arco castanho
Do pescoço que não posso pegar,
Olhinegras
Bagas lançam escuros
Ganchos
Goles de sangue negro e doce,
Sombras.
Algo mais
Me arrasta pelos ares
Coxas, pêlos;
Escamas de meus calcanhares.
Godiva
Branca, me descasco
Mãos mortas, asperezas mortas.
E agora
Espumo com o trigo, um brilho de mares.
O choro da criança
Dissolve-se no muro.
E eu
Sou a flecha,
Orvalho que voa
Suicida, e de uma vez avança
Contra o olho
Vermelho, caldeirão da manhã.
Ariel
Stasis in darkness.
Then the substanceless blue
Pour of tor and distances.
God's lioness,
How one we grow,
Pivot of heels and knees! The furrow
Splits and passes, sister to
The brown arc
Of the neck I cannot catch,
Nigger-eye
Berries cast dark
Hooks ---
Black sweet blood mouthfuls,
Shadows.
Something else
Hauls me through air ---
Thighs, hair;
Flakes from my heels.
White
Godiva, I unpeel ---
Dead hands, dead stringencies.
And now I
Foam to wheat, a glitter of seas.
The child's cry
Melts in the wall.
And I
Am the arrow,
The dew that flies,
Suicidal, at one with the drive
Into the red
Eye, the cauldron of morning.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade