Leonardo DiCaprio vive chefe do FBI em novo filme
J. Edgar Hoover (1895-1972) foi, durante décadas, o homem da lei mais temido dos EUA. Ajudou a fundar a polícia federal americana, o FBI, em 1935, dirigiu-a até morrer e fechou o cerco contra criminosos de todo o país.
No final da vida, a fama acabou manchada: foi acusado de usar práticas ilegais e de perseguir ativistas dos direitos civis, como Martin Luther King (1929-1968). Além disso, diziam que se vestia de mulher, participava de orgias e era homossexual.
Leonardo DiCaprio, 36, interpreta Hoover no novo filme de Clint Eastwood, "J. Edgar", com estreia prevista para novembro nos EUA. Mas o ator avisa que não haverá nada de espalhafatoso no perfil do personagem.
Divulgação | ||
Leonardo DiCaprio em cena de novo filme de Clint Eastwood, "J. Edgar" |
"Hoover passou grande parte da vida combatendo essa imagem de que se vestia de mulher. Foi um rumor que cresceu e virou verdade. Mas não era", disse DiCaprio à Folha, nos estúdios da Warner em Los Angeles.
Antes de se envolver com o filme, até o ator acreditava na história. "Agora, se ele era homossexual, não há uma prova definitiva."
A prova tampouco virá do filme, ainda que ele seja focado justamente na relação entre Hoover e Clyde Tolson, um diretor do FBI que foi o único herdeiro de Hoover e está enterrado ao seu lado. Quem interpreta Clyde no filme é o ator-galã Armie Hammer, de "A Rede Social".
"Os dois passavam férias juntos, jantavam todas as noites e chegaram até a morar juntos numa época. Então, há óbvias conexões", continuou o ator, deixando entender que caberá ao público tirar suas próprias conclusões.
No elenco, estão também Naomi Watts (no papel da secretária de Hoover) e Judi Dench (mãe dele).
DiCaprio, que encarnou o magnata Howard Hughes em "O Aviador", diz ter "fascinação" por papéis históricos.
"O que mais me agrada nesse trabalho é entrar na cabeça dos personagens. É muito mais fácil do que ter de criar tudo sozinho", disse. "O que acontece na vida é bem mais surreal do que qualquer escritor poderia imaginar."
O roteiro é de Dustin Lance Black, o mesmo de "Milk - A Voz da Igualdade", filme sobre um ativista gay que faturou dois Oscars: roteiro original e ator (Sean Penn).
METAMORFOSE
"J. Edgar" conta a história de Hoover desde a adolescência até a velhice: DiCaprio passa por transformações com a ajuda de maquiagem pesada e próteses. Ele definiu a experiência como "bem claustrofóbica". "Muda o seu jeito de se mexer", disse.
Outro desafio do ator foi entrar no ritmo de filmagens de Eastwood, 81 ("bastante instintivo"). O diretor é conhecido por não fazer ensaios e por gravar a mesma cena o mínimo de vezes possível.
"Foram filmagens bem rápidas, e eu tinha muitos diálogos", lembrou DiCaprio, acrescentando que Eastwood, objetivo ao máximo, não é dado a elogios.
"Na mesma semana, filmava cenas em que eu tinha 19 anos e outras em que estava com 74, pulando de cenário em cenário o tempo todo. Foi como preparar uma produção de teatro!"
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