Abrindo turnê brasileira em SP, Diana Ross vai de hits das Supremes a "canções de motel"
No primeiro dos quatro shows de sua turnê brasileira, realizado ontem no Espaço das Américas, em São Paulo, a cantora americana Diana Ross fez uma apresentação enxuta, com apenas uma hora e 20 minutos de duração. Porém representou bem as diferentes fases dos seus 54 anos de carreira.
O set list foi basicamente dividido em três momentos: o de soul, tirado principalmente do The Supremes, conjunto vocal liderado por ela nos anos 60 e 70 e um dos nomes mais importantes do catálogo da gravadora Motown; o dedicado à era disco, movimento do qual ela foi uma da precursoras; e o das canções românticas, melosas e/ou "safadinhas", que não envelheceram tão bem e hoje têm status de "trilha sonora de motel".
Joel Silva/ Folhapress | ||
A cantora Diana Ross durante show no Espaço das Américas, em São Paulo |
Quando abriram as cortinas, pouco antes das 22h, a abertura foi feita com toda pompa, com a banda tocando "I'm Coming Out" atrás de um véu branco. De fora do palco, ela cantava o verso "I'm coming" (estou chegando, em português), o que surtiu um efeito cômico involuntário. O primeiro dos cinco vestidos que ela exibiria durante o show era vermelho e foi adornado por uma echarpe de paetês na mesma cor. O fundo do palco variava entre as cores vermelho, amarelo e azul. Tudo bem brega.
Já no terceiro número, Diana emendou uma sequência matadora de quatro clássicos do The Supremes: "Where Did Our Love Go", "Baby Love", "Stop! In the Name of Love" e "You Can't Hurry Love". Na penúltima, a cantora começou uma brincadeira em que as luzes do salão se acendiam e ela estendia a mão ao mencionar a palavra "stop" (pare), mas a plateia não pegou.
A artista estava acompanhada por uma banda quadradona composta por baixo, guitarra, bateria, percussão, teclados, três cantores de apoio e uma seção de metais que parecia saída de um programa de auditório. O que prejudicou um pouco a releitura dos clássicos soul, mas veio a calhar em músicas disco como "The Boss", "Upside Down" e o hino gay "I Will Survive" (originalmente gravado por Gloria Gaynor em 1978), no qual se instaurou um clima de festa de casamento, com as luzes acesas e o público dançando entre as mesas.
Na noite em que completaram-se quatro anos da morte de Michael Jackson, Diana cantou "Ease on Down the Road", que gravou com o Rei do Pop em 1978, porém não fez qualquer menção ao finado parceiro.
O público parecia mais interessado nas canções românticas, e isso teve de cadeirada, com canções como "Touch Me in the Morning", a ainda bela "Love Hangover" e "Do You Know Where You're Going To?", na qual fez um pout-pourri com "Ain't No Mountain High Enough", hit nas vozes de Marvin Gaye e Tammi Terrell. Um dos maiores destaques, no entanto, foi sua interpretação de "Don't Explain", de Billie Holiday.
Aos 69 anos, Diana Ross é uma diva no sentido mais técnico do termo: aparenta ter o corpo de uma quarentona enxuta; demonstra aquela simpatia protocolar, com diversos "I love you" durante o show; e sua voz, perfeita nos agudos e enrouquecendo levemente nos graves, ainda impressiona. A cantora volta a se apresentar hoje em São Paulo, sábado na HSBC Arena, no Rio, e em Curitiba, no Teatro Positivo, no dia 2 de julho.
DIANA ROSS
AVALIAÇÃO Regular
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade