Karol Conká vem para inverter lógica do rap
Karol Conká chegou para "causar na sociedade". É o que ela diz, em tom de brincadeira, mas a verdade é que o lançamento de seu primeiro disco, "Batuk Freak", mostra que a MC curitibana de 27 anos veio mesmo para ajudar a inverter a lógica do rap, levando batom e salto alto para a cena onde reinam as bombetas (bonés) e as calças largas.
Sua música dançante com letras alegres é contagiante. A prova disso pode ser vista no último sábado, quando a MC lançou seu disco na choperia do Sesc Pompeia.
Crítica: Com 'Batuk Freak', Karol Conká avança e deixa de ser aposta
Calça vermelha e preta, colete jeans, regata dourada, correntes e brincos extravagantes e cabelo pintado de cor de rosa, Karol sacudiu o público com rimas como "A noite tá perfeita, eu saio com 'azamigaloka'/Joias, maquiagem, muito capricho na roupa". É a letra de "Gandaia", cujo clipe já teve mais de 785 mil visualizações no YouTube.
Theo Marques/Folhapress | ||
A rapper paranaense Karol Conká posa em Curitiba |
As rappers Flora Matos, brasiliense, e Lurdez da Luz, paulistana, já haviam mostrado que rap caminha bem com mulheres ao microfone. Mas Karol desbanca o reinado das rimas contra o sistema para falar de baladas e liberdade.
TRABALHO DESGARRADO
Musicalmente, seu trabalho é tão desgarrado da tradição quanto suas letras. A base é o rap, mas há influências de dubstep, afrobeat e MPB.
Para a MC, a música é um "remedinho" contra as dores da vida e, por isso, precisa ser sempre alegre. Isso ela aprendeu aos 14 anos, quando seu pai morreu em consequência do alcoolismo. "No começo eu me sentia culpada, mas com o tempo aprendi que a vida pode ser melhor se você vir o lado bom das coisas. Meu pai não gostaria de me ver triste", diz. Compor foi a forma que encontrou "para não ficar louca".
ESTREIA
Karoline dos Santos Oliveira nasceu em Curitiba e, aos 16 anos, ganhou um concurso da escola com um rap de sua autoria. Por intermédio de um rapper amigo, foi convidada a abrir um show do MC GOG. "Tropecei no fio, fiquei nervosa, mas cantei a única música que tinha e o pessoal gostou."
Em seguida, entrou para o grupo Agamenon e conheceu o produtor Nave, responsável pelas batidas que deram origem a seu repertório.
Em 2011, Karol lançou um EP com sete faixas. No mesmo ano, foi indicada a aposta do VMB com o clipe de "Boa Noite". A partir daí, conquistou o respeito de rappers como Racionais MC's, Criolo, Emicida e Marcelo D2, com os quais chegou a dividir palcos.
Só que Karol quer ir além, afirma que sonha um dia "representar o Brasil".
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade