Crítica: Longa sobre paternidade sofre com excessos melodramáticos
Bem recebida em alguns festivais internacionais, a comédia canadense "Meus 533 Filhos" (2011), de Ken Scott —lançada apenas em DVD no Brasil—, já tem três remakes rodados na Índia, na França e nos Estados Unidos. "De Repente Pai" é a versão norte-americana desse filme, dirigida pelo próprio Scott.
David Wozniak (Vince Vaughn) é um quarentão inconsequente que trabalha como entregador do açougue da família. Está cheio de dívidas e não consegue crédito em nenhum banco.
Ao mesmo tempo, Emma (Cobie Smulders), sua namorada, fica grávida e cogita assumir a criança sozinha, pois percebe que David não está muito inclinado a encarar essa responsabilidade.
Como se não bastasse, o representante de uma clínica de reprodução assistida onde David doou seu esperma 20 anos antes aparece para anunciar que ele é pai biológico de 533 filhos. O pior é que 142 deles pediram na Justiça o direito de conhecê-lo.
Assustado, David recorre ao advogado e amigo Brett (Chris Pratt) —o melhor personagem do filme, cheio de ironia e desencanto com a paternidade—, que o aconselha a processar a clínica para que o anonimato seja mantido.
Mas David é um maluco impulsivo e resolve conhecer esses 142 jovens.
Sem revelar sua identidade, o pai biológico se apega aos filhos e acaba agindo como anjo da guarda deles.
A partir daí, a narrativa se divide em subtramas que não se resolvem e acaba diluída na superficialidade. Aos poucos, o melodrama vai ganhando espaço em detrimento da comédia, o filme perde o ritmo e se alonga demais.
O final redentor é uma tentativa de pôr tudo em seu lugar, mas soa forçado na overdose de sentimentalismo.
Apesar de ter praticamente as mesmas cenas, diálogos e personagens do original, Scott fez uma versão um tanto edulcorada, sem o lado mais picante e irreverente do filme canadense.
Isso se deve em boa parte à mudança de atores, pois o elenco norte-americano atua de modo mais contido do que o canadense.
DE REPENTE PAI
DIREÇÃO Ken Scott
PRODUÇÃO EUA, 2013
ONDE Anália Franco UCI, Cidade Jardim Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular
Livraria da Folha
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