Morre aos 94 anos a escritora P.D. James, 'dama' dos romances policiais
Morreu nesta quinta-feira (27), aos 94 anos, a escritora britânica Phyllis Dorothy James, criadora de inúmeras histórias policiais estrelando o detetive Adam Dalgliesh.
Segundo a editora Faber and Faber confirmou ao jornal "The Guardian", James morreu em sua casa em Oxford, Reino Unido, na manhã de quinta.
Nascida em 1920, a escritora parou de estudar aos 16 quando se mudou com o pai para Inland Revenue. Aos 21, casou-se com Wernest White, com quem teve duas filhas durante a Segunda Guerra Mundial.
Seu marido, enviado à guerra, retornou para cassa com problemas psicológicos, o que levou James a trabalhar na administração de um hospital para poder sustentar a família. Nesta época, quando White estava hospitalizado e as crianças na escola, começou a escrever.
Em entrevista concedida a "Paris Review" em 1994, James revelou que se dedicava a romances policiais para praticar a escrita, antes de poder passar para "romances mais sérios", mas acabou pegando gosto pelo gênero.
"Gosto de uma ficção estruturada, com começo, meio e fim", disse na ocasião.
Ela foi reconhecida internacionalmente após seu oitavo livro, "Sangue Inocente", de 1980, que vendeu milhões de cópias no mundo.
No ano passado, a escritora disse a BBC que estava trabalhando em um novo livro. "É importante escrever mais", disse.
"Com a idade, fica bem difícil. Demora mais para a inspiração chegar, mas a coise de ser uma escritora é que você sempre precisa escrever".
Sobre sua cria, o detetive Dalgliesh, James revelou ter dado ao personagem as qualidades que admira. "porque esperava que ele se tornasse uma figura permanente, e se isso acontecesse, era melhor gostar dele". O detetive seria o protagonista de 14 livros da britânica.
Desde 1962, quando lançou o primeiro deles, "O Enigma de Sally", a autora foi reconhecida com o prêmio Diamon Dagger, entregue pela associação de escritores de crime, e com um Mystery Writers of America Grandmaster.
Em 1991, recebeu da rainha Elizabeth o título de baronesa James de Holland Park.
Nos anos 1990, foi acusada de elitismo por retratar um detetive erudito investigando crimes que sempre ocorriam na classe média. A polêmica surgiu após a escritora declarar, durante uma entrevista, "que não há escolha moral nos guetos do interior da cidade, onde o crime é a norma e assassinatos são comuns".
James criou também uma detetive mulher, chamada Cordelia Gray e pertencente à classe operária do Reino Unido. A personagem, porém, durou por apenas dois romances ("Trabalho Impróprio Para Uma Mulher" e "O Crânio Sob a Pele"), sendo abandonada quando sua versão televisiva teve um caso e engravidou.
"Percebi que minha personagem tinha ido embora", lamentou James sobre o fato.
Em 1992, publicou seu primeiro romance não criminal, "The Children of Men", que se passa em um futuro distópico e foi adaptado para o cinema em 2006 com Julianne Moore —no Brasil, o filme foi lançado como "Filhos da Esperança".
Outras obras assinadas por ela são "A Torre Negra", "Morte no Seminário", "Sala dos Homicídios" e "Mente Assassina", escreveu "Segredos do Romance Policial", outro livro de não ficção publicado em 2012.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade