Crítica: Anjos de 'Asas do Desejo' são belo reflexo da solidão divina
Uma bela frase do crítico Roger Ebert define os anjos de "Asas do Desejo" (1987, 14 anos, Arte 1, 21h25): são o reflexo da solidão de Deus.
Esses guardiães que nos veem sem ser vistos e pairam, no caso, sobre uma Berlim ainda dividida, carregam a nostalgia do humano, a percepção de que todo poder equivale mais ou menos a não poder nada.
Daí a decisão de trocar a eternidade e a invisibilidade pela fragilidade do humano. E se apaixonar por uma humana. Talvez seja este o último momento de talento inequívoco do diretor Wim Wenders, poeta da errância: seus personagens, após muito vagarem pela Terra, aqui passam a outra dimensão sem perderem em nada sua força.
Mais cedo, "Reflexões de um Liquidificador" (2010, 16 anos, Canal Brasil, 19h30) surpreenderá pela irônica passagem entre o inanimado e o animado.
Divulgação | ||
Cena do filme "Asas do Desejo", com direção de Wim Wenders |
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