CRÍTICA
Filme brasileiro 'A Vida Privada dos Hipopótamos' é pura verborragia
Christopher Kirk é um norte-americano contador de histórias. Ou melhor, de lorotas. E ganhou um documentário só para ele. O feito é dos diretores Maíra Bühler e Matias Mariani em "A Vida Privada dos Hipopótamos".
Com todo o espaço do mundo, o técnico em informática fala de suas supostas aventuras em torno de uma namorada exótica e enigmática que conheceu na Colômbia. Em detalhes, faz uma narrativa se colocando no lugar de um gringo apaixonado e ludibriado pela mulher que persegue –ou que o persegue, não se sabe bem.
Kirk fala com roupa de presidiário, mas tem ao fundo um quadro negro, o que lhe confere certa autoridade.
Imagens infantis de Pinóquio podem induzir a suspeitas sobre o relato. Mas o personagem é apresentado como um ingênuo meio bobalhão engolido por uma baleia ou pelos meandros da noite colombiana.
Divulgação | ||
Cena do filme brasileiro "A Vida Privada dos Hipopótamos" |
Dedicados, os cineastas vão aos Estados Unidos recuperar os dados no computador do entrevistado, ouvem familiares e amigos. Alinhavam uma sofrível história de folhetim. Usam correios eletrônicos e fotos de viagem para criar um clima de romance e suspense.
Por um tempo, o recurso funciona para prender a atenção. Mas a história, cada vez mais inverossímil, cai num pântano enfadonho. Num desfecho rápido, a trajetória mostrada no filme vira farrapo. A mulher, centro das atenções, não tinha tanta importância assim. Na verdade, importância bem marginal para o desdobramento da trama.
A vida de Kirk aparece na sua plenitude: oca. Patética é a tentativa de justificar as lambanças do personagem como um grito contra a rotina entediante dos subúrbios norte-americanos. O sujeito é só um enrolador medíocre, que ri de todos que engana, cineastas e plateia. E se gaba de zombar da Justiça brasileira.
Os hipopótamos também entram de gaiatos na rocambolesca verborragia, que não leva a lugar nenhum. Emprestam apenas um título charmoso para a fita, que deixa uma sensação de tempo perdido. Melhor ir ao zoológico.
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