Susana Vieira faz papel virtual de si mesma no musical "BarbarIdade"
Susana Vieira não vem. Mas ainda assim fez questão de deixar a sua marca. Protagonista do musical "BarbarIdade", que estreou no Rio em março, ficou impedida de participar da temporada paulistana do espetáculo após ter contundido o pé durante ensaios na semana passada.
Para a estreia em São Paulo, nesta sexta (17), foi preciso chamar às pressas a atriz Stella Maria Rodrigues. Mas Susana ainda estará lá: em vídeo, interpretando a si mesma.
Caio Galucci/Divulgação | ||
Os atores do musical "BarbarIdade" Osmar Prado, Stella Maria Rodrigues, Edwin Luisi e Marcos Oliveira |
"A gente achou que ela não poderia desaparecer", diz o diretor Alonso Barros.
De fato, há quem diga que o papel fora escrito para a atriz. Baseado em argumentos dos escritores Luis Fernando Verissimo, Zuenir Ventura e do cartunista Ziraldo (depois consolidados por Rodrigo Nogueira), o musical retrata os bastidores de uma produção teatral.
Três escritores (vividos por Osmar Prado, Edwin Luisi, Marcos Oliveira) são incumbidos de criar um musical sobre a terceira idade, mas sofrem um bloqueio criativo.
É então que entra em cena a produtora Daniela Gordon (Stella, no papel que era de Susana). O problema é que ela, uma senhora, tem dificuldade em lidar com a velhice.
"O personagem foi inspirando na Susana, mas é um personagem", conta Stella. "Ela é uma mulher madura, autoritária e que tem problemas com o envelhecer."
As músicas são paródias de canções conhecidas do repertório brasileiro. "Malandragem", de Cazuza e Frejat, ganha letras sobre a velhice e o culto à imagem: "Quem sabe o meu pescoço virou papo?/ Vou fazer lifting, é fato/ e uma lipo pra secar".
MUDANÇAS
Susana Vieira não é a primeira perda inesperada do espetáculo –que tem orçamento declarado de R$ 10 milhões (sendo R$ 6,8 arrecadados via Lei Rouanet).
Dez dias antes da estreia no Rio, o diretor José Lavigne deixou a produção alegando "problemas pessoais". Quem assumiu foi Alonso Barros, então diretor de coreografia.
Agora, Barros assina também a adaptação e remontagem do espetáculo, que chega com alterações a São Paulo: o texto teve cortes, o papel de Daniela Gordon foi enxugado, houve mudanças no cenário e nos números musicais, explica o diretor.
"O público de São Paulo vai ver um espetáculo, acredito eu, muito melhor do que o que foi visto no Rio de Janeiro", diz Luisi. "Até figurinos que não funcionavam tão bem agora funcionam melhor."
Oliveira também acredita que o espetáculo foi aperfeiçoado: "Estava precisando de alguns ajustes", conta.
Há ainda, claro, a participação de Susana. Em certo momento da peça, uma gravação sua será projetada no palco. No papel dela mesma, dá dicas à então desesperada personagem da produtora (leia trecho ao lado).
"Vai ser uma surpresa para todo mundo", garante Stella.
TRECHO
STELLA:... Eu tô perdida, Luís André. Eu preciso ficar sozinha. Eu preciso ficar sozinha pra consultar um ser supremo, a minha deidade máxima, o meu oráculo da vida.
LÉO SENNA: Nossa, quem é essa pessoa tão iluminada e poderosa? Um guru indiano?
STELLA: Não, a Susana Vieira.
(Stella já ligando para Susana por Skype. Susana aparece)
Conversa entre as personagens Daniela Gordon (Stella Maria Rodrigues) e Luís André (Léo Senna) antes da projeção do vídeo com Susana Vieira
BARBARIDADE
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 17h e às 21h, dom., às 16h; até 27/9
ONDE Teatro Sérgio Cardoso, r. Rui Barbosa, 153, tel. (11) 3288-0136
QUANTO R$ 40 a R$ 120
CLASSIFICAÇÃO livre
Livraria da Folha
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