Crítica
Em novo filme, Eli Roth prefere sustinhos ao terror absoluto
A casa é um lugar tão clássico do cinema de terror e de suspense que ninguém que tenha o costume de assistir a esse tipo de filmes abre a porta para estranhos sem antes sentir um ligeiro calafrio.
"Bata Antes de Entrar" busca reviver a experiência clássica desse pesadelo consagrado em filmes como "Halloween" (2007) ou "Pânico" (1996), mas acaba reproduzindo a visão puritana de "Atração Fatal" (1987), no qual o adultério aparecia como o pior dos pecados e exigia punição.
Talento não falta ao diretor Eli Roth quando decide, como aqui, se dedicar menos a apavorar com amputações e sanguinolências, como fez tanto em "O Albergue" (2005) ou "Canibais" (2013).
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Ator Keanu Reeves em cena de 'Bata Antes de Entrar' |
Na primeira parte de "Bata Antes de Entrar", o diretor constrói climas de suspense com habilidade, explora a dúvida e a suspeita e filma a casa como espaço confortável e sob controle que de repente pode virar uma câmara de torturas.
Ali, sozinho durante um feriado e na ausência de sua família perfeita, o arquiteto quarentão Evan Webber (Keanu Reeves) cria um novo projeto, fuma maconha e ouve músicas para melhor se inspirar.
A chegada de Genesis, interpretada por Lorenza Izzo ("Canibais") e Bel ("Blind Alley"), papel de Ana de Armas, uma dupla de jovens gostosas e perigosas, começa perturbando de leve a ordem e aos poucos desmantela todo o equilíbrio privado construído pelo protagonista.
Para funcionar, a trama precisaria provocar uma empatia pela vítima que a imagem pouco frágil do ator Keanu Reeves ("Matrix") impede que aconteça. Enquanto as intérpretes das garotas passam do simulado ao cruel com uma intensidade histérica.
Em vez de seguir a sugestão inicial, da ameaça vaga que progride até o terror absoluto, Eli Roth prefere o caminho dos saltos.
Depois que abandona a tortura psicológica e passa para a ação física, o diretor coloca o filme no piloto automático e se preocupa apenas a provocar sustinhos.
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