CRÍTICA
Animação bem coreografada captura paixão pelo balé
A França não costuma fazer feio quando o assunto é animação. Foi assim com "As Bicicletas de Belleville" (2003), "As Aventuras de Azur e Asmar" (2006), "Persépolis" (2007) e "O Mágico" (2010), para citar apenas alguns. E não é diferente em "A Bailarina", de Eric Sommer e Éric Warin, que estreia nesta quinta (26).
Contar a história de uma menina que sonha em ser bailarina e que, para isso, passa por inúmeras dificuldades não é lá muito original. Mas a história de Félicie fala, antes de mais nada, sobre paixão, tal qual no mundo da dança –afinal, sem ela não se faz nem um demi-plié.
Logo nas primeiras cenas, a menina revela um imenso talento. Sua dança por entre pratos, bancos e mesas do orfanato onde vive ao lado do amigo Victor é encantadora. Os dois fogem para que ela possa estudar em Paris; ele também persegue um sonho e vira aprendiz de inventor.
Divulgação | ||
A ruivinha Félicie sonha mais que tudo estudar balé na animação franco-canadense 'Bailarina' |
Ambientada no final do século 19, a história de Félicie se cruza com a da "rival" Camille Le Haut. Para conseguir um lugar na Grand Ópera, Félicie intercepta uma carta-convite enviada a Camille e começa a estudar no lugar dela.
Lá, além de viver os (des)encantos da jornada –como ser cortejada pelo bailarino empinado Rudolph–, ela precisará prestar contas desse erro voltando ao orfanato.
Mas o que realmente move a garota é uma obstinação não raro encontrada nos estudantes de balé. A disciplina ferrenha e a gana de aprender e executar os passos de forma cada vez melhor é o que faz a diferença no progresso e na sensação de dançar.
Félicie (no Brasil dublada pela atriz-mirim Mel Maia) mostra isso muito bem. Sem técnica, ela se aproxima e começa a fazer aulas diárias com a ex-bailarina Odette. Esse nome remete ao da rainha dos cisnes brancos no clássico "O Lago dos Cisnes". Orientada, a menina começa a ir bem nas aulas e a garantir seu sonho.
Entre os pontos fortes da animação está acompanhar os movimentos do balé –coreografados pelos bailarinos Aurélie Dupont e Jérémie Bélingard, que auxiliaram a equipe técnica.
Em alguns momentos, principalmente no final, eles ficam exagerados e mais parecem saídos de filmes como "O Tigre e o Dragão" ou mesmo de qualquer outro de super-heróis.
Mas, convenhamos que, se é pra sonhar, não custa ir para além das nuvens.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade