Crítica
Animação 'O Poderoso Chefinho' é como um bebê lindo, porém chato
Dreamworks/Associated Press | ||
Cena de "O Poderoso Chefinho" |
De onde vêm os bebês? Uma das perguntas mais antigas do mundo é a nova aposta da Dreamworks para os cinemas. "O Poderoso Chefinho" é uma animação com uma resposta absurda para esse questionamento.
No filme, dirigido por Tom McGrath (de "Madagascar"), os recém-nascidos vêm de uma fábrica gigantesca, onde são montados, testados e, depois de triados, enviados para suas respectivas famílias. Acontece que alguns pequerruchos nascem sem talento para serem bebês.
Os reprovados recebem um segredo para nunca crescerem e viram então funcionários numa gigantesca firma. É de lá que vem Poderoso Chefinho, um bebê carreirista que é enviado para uma missão numa família terrena.
Tim, um moleque feliz de sete anos, descobre que o novo membro da família é, na verdade, um espião de fraldas, com o intuito de obter informações sigilosas dos seus pais -além de roubar deles todo amor e atenção.
O filme começa em alta, com personagens fofos e com alguma complexidade, antes da chegada do bebê, e fofos e cínicos, no pós-parto.
Mas a tirada, que no primeiro impacto parece genial, cansa rápido. Tente olhar para fotos de bebês fantasiados de abelhinhas por mais de dez segundos. Agora tente fazer isso por uma hora e 37 minutos com um bebê que age como o Eike Batista.
Do momento em que a ternura acaba para frente, o longuíssimo longa impõe ao espectador a sina do protagonista, que tira sonecas involuntárias em momentos tensos.
O livro infantil que baseou o roteiro tem 36 páginas, com mais ilustrações do que texto, e é voltado para crianças de até quatro anos. Foi no estirão do papel para película e no salto de faixa etária, de crianças analfabetas a um público almejado que vai da idade de Tim até os 80 anos, que algo parece ter dado errado na gestação desse filme.
Uma pena que a história não consiga acompanhar o ritmo da estética primorosa, como a da cena em 2D em que o pequeno Tim vira um ninja, como em filmes de ação dos anos 1970.
Outra surra de animação se dá na sequência em que o vilão narra seus planos de conquista mundial usando um desses livros em três dimensões, que pulam na cara do leitor quando são abertos e têm penduricalhos que servem de brinquedo. É uma das coisas mais bonitas já saídas de um computador. Pena que um bebê lindo e chato só sirva para estampar um álbum de fotos de família.
*
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade