Análise
Globalização da TV fomenta novas estratégias
Divulgação | ||
Will Smith em cena de "Bright", da Netflix |
Falando aos acionistas, o presidente da Netflix, Reed Hastings, disse que a empresa que fundou em 1997 vai seguir crescendo sem atentar aos concorrentes. A competição, disse, é com o sono, não com a Amazon
Em mensagem aos acionistas, na quarta (12), o presidente da Amazon, Jeff Bezos, afirmou repetidamente que a empresa que fundou em 1994 continua, na verdade, no Dia 1. Ou seja, ainda arrisca.
Deu como exemplo o Prime, seu serviço de, entre outras coisas, vídeo. Ele avançou três meses atrás para 200 países, Brasil inclusive, no rastro das apostas da Netflix pelo mundo. Bezos insistiu que a Amazon é "focada no consumidor", não em concorrente, mas é a disputa crescente com a Netflix que vem moldando a globalização da TV –com novos atores locais, como a Globo Play no Brasil, aumentando as apostas.
Em seus dois pronunciamentos aos acionistas, na segunda (17), o presidente da Netflix, Reed Hastings, ecoou Bezos ao afirmar que a empresa que fundou em 1997 vai seguir crescendo sem atentar aos concorrentes. A competição da Netflix, disse, é com o sono, não com a Amazon.
Mas o crescimento das assinaturas no trimestre veio um pouco abaixo do previsto e, como vem ocorrendo com outras gigantes de tecnologia, o que se viu foi um momento raro em que a Netflix admitiu publicamente um erro, no caso, de conteúdo.
Hastings reconheceu que a sequência de "O Tigre e o Dragão" que produziu "não foi bem-sucedida". E que isso levou à contratação do vice do estúdio Universal para comandar os filmes da Netflix, inclusive "Bright", a nova aposta para o Oscar.
"É o nosso filme com Will Smith", descreveu o diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, "que nós acreditamos que vai dar uma ideia do que estamos buscando: filmes como os que você vê no cinema, mas que estarão disponíveis dia a dia na Netflix."
É mais uma resposta à ameaça crescente da Amazon, que acaba de ganhar dois Oscar com "Manchester à Beira-Mar", ator e roteiro. Mas Hastings, por escrito e em vídeo, insistiu que não se importa com a concorrente.
"Eles [Amazon] estão e vão continuar produzindo uma grande programação, mas eu não creio que irão nos afetar muito, porque o mercado é tão vasto", disse, acrescentando com alguma ironia que Bezos "faz tantas coisas diferentes", não só na Amazon, mas agora com o "Washington Post" e "os foguetes".
Hastings e seus diretores revelaram mais sobre a estratégia para o que chamaram de "globalização da TV".
A greve dos roteiristas, prevista para começar nesta quarta (19), seria efeito disso, "talentos de Hollywood procurando entender o valor de seu conteúdo agora para o dobro da audiência global".
De outro lado, o conteúdo do resto do mundo avança no mercado americano, com o "incrível sucesso" da série mexicana "Ingobernable", em espanhol, e "também da produção em português do Brasil, '3%'". Foi revelado que, no total, serão produzidas quatro séries do Brasil.
Nos mercados internacionais, a Netflix trabalha com 20% de produção local e 80% de Hollywood e EUA. "Esse é o quadro certo, globalmente", disse Sarandos, acrescentando que há variações, mas "não reversão, em nenhum país".
GLOBO PLAY
Embora não seja instada legalmente a fazê-lo, ao contrário de Amazon e da Netflix, a terceira concorrente no mercado brasileiro de TV pela internet, a Globo Play, mostrou em entrevista alguns resultados do trimestre.
"Acabei de fechar o balanço", afirma Erick Brêtas, diretor de Mídias Digitais da Globo. "Foram 2,5 bilhões de minutos de conteúdo Globo consumidos neste primeiro trimestre, no digital, versus 1,9 bilhão no período em 2016. Subiu 32%. A tendência de aumento continua."
A Globo decidiu, a partir do mês que vem, passar a apresentar algumas séries antes na Globo Play e só no ano seguinte na TV aberta, na própria rede. "A gente acha que a antecipação vai ajudar a aumentar a nossa base de assinantes", explica Brêtas.
Lembrando até os investimentos recentes do YouTube, o executivo diz que "neste momento tem um Santo Graal do vídeo digital", mas também acrescenta: "A gente não pode se incomodar com concorrência no mercado de vídeo digital. Você tem uma concorrência pelo tempo do consumidor, do News Feed do Facebook à TV aberta".
Nenhum dos três serviços divulga número de assinantes no país. A Netflix chegou ao Brasil em setembro de 2011 e cobra mensalidade de R$ 19,90. A Globo Play estreou em novembro de 2015 e cobra R$ 14,20. A Amazon Prime Video chegou em dezembro passado e cobra, após o desconto inicial, US$ 5,99 (R$ 18,65, pelo câmbio de terça).
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