Crítica
Longa enfoca vida de operários que preparam Copa do Qatar
Divulgação | ||
Cena do filme 'A Copa dos Trabalhadores' |
Dois homens conversam em uma praça com vista para imponentes prédios no Qatar. Relembram mortes de operários ocorridas enquanto trabalhavam em construções. O diálogo, trocado com naturalidade, faz parte de "A Copa dos Trabalhadores", estreia de Adam Sobel, em competição no É Tudo Verdade.
O longa registra o andamento de obras de infraestrutura tocadas em ritmo frenético para a Copa de 2022, quando o país sediará o evento, uma escolha controversa –membros da Fifa teriam vendido seus votos.
No filme, um torneio de futebol é organizado para os trabalhadores de empresas que prestam serviços no país.
Sobel usa a aparente benemerência para revelar a precariedade em que vivem e trabalham os operários, quase todos imigrantes de países como Índia, Nepal e nações africanas como Quênia e Gana.
Além de trabalharem sete dias por semana, mais de 12 horas ao dia, os imigrantes têm o passaporte retido pela contratante. Em campos de trabalho semelhantes aos de refugiados, vivem em regime de semiescravidão.
Mesmo sabendo-se usados, participam do torneio, uma válvula de escape. Mas o futebol que une a torre de babel também gera conflitos, muitos de fundo racial.
O público brasileiro pode ter uma sensibilidade diferente a esse drama. Já vimos esse jogo por aqui, e o resultado é bem pior que um 7 a 1.
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