crítica
Longa sobre balé parisiense dá vontade de sair dançando
Divulgação | ||
Cena de 'Reset', documentário sobre o coreógrafo e dançarino Benjamin Millepied |
RESET (ÓTIMO)
PRODUÇÃO: FRANÇA, 2015, LIVRE
DIREÇÃO: THIERRY DEMAIZIÈRE E ALBAN TEURLAI
Veja salas e horários de exibição.
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Dança é ritmo e prazer, diz o coreógrafo Benjamin Millepied em "Reset - O Novo Balé da Ópera de Paris"
A frase de efeito vale para outras artes, como o cinema, e é levada a sério no documentário sobre a montagem da primeira e única obra de Millepied à frente do corpo de baile da instituição francesa.
O longa acompanha os 39 dias entre a criação e a estreia de "Clear, Loud, Bright, Forward", coreografia de Millepied criada para o elenco jovem da companhia.
Para o quesito prazer, tem nas mãos material propício. Excelentes bailarinos, música e dança da melhor qualidade, a cidade de Paris vista do telhado do edifício da Ópera e um diretor jovem vestido como se tivesse saído de um editorial de moda casual.
Millepied é ainda o marido de Natalie Portman, que conheceu quando fez a coreografia do filme "Cisne Negro".
Os diretores do filme têm o bom senso de não abusar da parte mais famosa do casal. A atriz aparece rapidamente no início, acompanhando o marido na noite de estreia.
Tampouco abusam de clichês de filmes de dança, como a imagem da bailarina amarrando a sapatilha.
Sim, há saltos e piruetas em câmara lenta e zooms nos corpos suados, mas o filme permite ao espectador o prazer de observar sem culpa essas imagens óbvias porque as cenas são bonitas mesmo e breves.
O ritmo, que traduz a tensão crescente de quem tem uma obra para finalizar em curto prazo e provar a validade de sua aposta, é um trunfo.
Se no início pode causar uma sensação de "mais um filme (clichê) de dança", seguida por uma mais ou menos lenta fase de concepção da coreografia, logo ganha a velocidade e a energia de alguém que veio para mudar a "velha ordem" da Ópera.
Há certo excesso na construção do bom-mocismo revolucionário de Millepied, que luta contra a burocracia estatal, o apego às formas clássicas e visões ultrapassadas sobre o esforço físico.
Mas o coreógrafo tem charme de sobra para convencer o público, embora não os administradores da Ópera: demitiu-se do cargo de diretor quatro meses após a estreia.
Apesar de bastante centrado na figura do coreógrafo, "Reset" tem o mérito de retratar o processo da criação de dança e levantar questões relacionadas ao tema sem ser nem didático demais nem incompreensível para leigos.
O melhor é que, ao final, dá muita vontade de ver a coreografia completa e ao vivo ou sair dançando por aí.
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