CRÍTICA
Série sofrível, 'Baywatch' ganha adaptação sem graça no cinema
BAYWATCH - S.O.S. MALIBU (ruim)
ELENCO: Dwayne Johnson, Zac Efron, Kelly Rohrbach
PRODUÇÃO: EUA, 2017, 14 anos
DIREÇÃO: Seth Gordon
Veja salas e horários de exibição.
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Há alguns anos, um "gênio" de Hollywood decretou que fazer adaptações de séries de TV antigas poderia ser garantia de boas bilheterias nos cinemas. Em seguida, alguém ainda mais "genial" apostou que transformar qualquer série em um longa cômico era a melhor opção para isso, mesmo que o seriado original mostrasse aventuras policiais ou dramas.
Então vieram pavorosas versões de "Starsky & Hutch", "As Panteras" e "Anjos da Lei". A lista longa agora desemboca em "Baywatch".
Este é o pior do filão "adaptações de séries" e já forte candidato a pior do ano, em qualquer gênero.
Sob uma análise rigorosa, a série original, produzida de 1989 a 2001, era sofrível. Retratava as aventuras de um grupo de salva-vidas em Malibu, na Califórnia. O líder era um galã trintão meio boboca, e a ala feminina da equipe só tinha garotas bonitas e peitudas.
As imagens em câmera lenta dessas moças correndo na praia com seus maiôs vermelhos decotados se tornaram a marca registrada de "Baywatch". Ou "S.O.S. Malibu", como a série foi batizada aqui.
Mesmo com pouca coisa a oferecer além de peitos saltitantes, ou talvez exatamente por isso, a série virou hit mundial e consagrou dois nomes na cultura pop trash: Pamela Anderson, a loira siliconada mais desejada dos anos 1990, e David Hasselhoff, que não se contentou em ser apenas um mau ator e decidiu ser também um péssimo cantor.
"Baywatch", o filme, não traz nenhuma estrelinha do calibre de Pamela Anderson, e ainda aumenta o nível de canastrice ao escalar o ex-astro de luta livre Dwayne Johnson no papel de Hasselhoff.
De novidades, inclui um enredo um pouco mais pesado, com bandidos violentos, e a presença de Zac Efron, aquele que apareceu nos filmes teen da Disney.
Não seria grande problema "Baywatch" trilhar o caminho do humor grosseiro. A questão é que comete o único erro que uma comédia não pode ter, em qualquer estilo: o filme não tem a mínima graça. Piadas óbvias, antiquadas, em ritmo lento.
O confronto de gerações entre Johnson e Efron não engrena, as atrizes não têm o que dizer, só ficam respirando em cena. Um desastre.
Essa estratégia de paródias das séries erra feio porque irrita os antigos fãs. Quarentões e cinquentões que assistiam a elas na adolescência (um público que deveria ser atraído pelo chamariz da nostalgia) acabam indignados com o tratamento imbecil dado a programas que estão na sua memória afetiva. Por qualquer abordagem que se tente, "Baywatch" não tem nada que motive uma ida ao cinema.
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