CRÍTICA
Longa espanhol 'Kiki' é divertido tratado sobre taras sexuais
Divulgação | ||
A atriz Alexandra Jiménez é Sandra em 'Kiki' |
KIKI: OS SEGREDOS DO DESEJO
PRODUÇÃO Espanha, 2016 (16 anos)
ESTREIA em cartaz
DIREÇÃO Paco León
ELENCO: Paco León, Ana Katz, Candela Peña, Natalia De Molina, Álex Garcia, Jacobo Sánchez
Veja salas e horários de exibição;
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Tudo o que você não sabia que queria saber sobre sexo e nunca teve coragem de perguntar, porque essas dúvidas nem passavam pela sua cabeça, está em "Kiki - Os Segredos do Desejo".
O longa espanhol que estreia na quinta (8) é um tratado engraçado sobre taras. Uma espécie de comédia romântica em que os dez protagonistas fazem mais do que ficar só abraçados. Bem mais.
Para falar sobre tesões enrustidos, o diretor Paco León adota o formato meio surrado de meia dúzia de histórias paralelas que formam uma trama quando mais se espera–no fim.
Mas vale começar pelo começo. A sequência inicial, em que imagens de um casal em ação na cama –lambendo os pés, as mãos, as partes– se fundem com pedaços de animais é de uma beleza rara. Esteticamente apetitoso.
A mesma beleza plástica é emprestada a Madri num verão caudaloso, que vira um cenário fértil para os contos.
Só dois deles a seguir.
Um: cirurgião plástico que só se acende quando a mulher está apagada, dormindo profundamente, e entra em conluio com a empregada filipina, que se dispõe a fazer vista grossa da sedação da patroa com ansiolíticos, mas em troca pede uma cirurgia para botar os maiores peitões que ele tiver no consultório.
Dois: a patricinha que só goza a valer em situações de perigo, como um assalto na loja de conveniência do posto de gasolina, vai se casar com um bom tipo. O moço, um projeto de Luciano Huck, passa a simular um assalto para dar prazer ao seu amor.
Os atores seguram, sem exceção, papéis complicados e constrangedores. O sexo aqui não passa por um processo de assepsia. Os tesões são sujos, são improváveis e são inverossímeis –tão inverossímeis quanto na vida real.
E são tratados de maneira graciosa, sem nunca virar o motivo da piada. O filme ri da nossa fraqueza pelo sexo, da incapacidade de lutar contra o afã pulsante que vem de dentro, não das taras em si.
É tanta nota de rodapé do "Kama Sutra" filmada que coloca o espectador túrgido –pelo menos nos ombros.
Qualquer cena pode desandar para sacanagem. Se surge um cachorro na tela, pinta com ele a dúvida: vai ser o próximo personagem? Não chega a tanto.
"Kiki: Os Segredos do Desejo" é uma surra. É um exercício cerebral e de corpos cavernosos. Um tesão de filme.
Livraria da Folha
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