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Coleção Folha apresenta 'Bartleby', o Escrevente', em edição bilíngue

Conto de Herman Melville aborda temas como a negação, o absurdo e a resistência

O escritor Herman Melville - Reprodução
Cristiane Martins
São Paulo

''Preferiria não fazê-lo'' é a enfática resposta do protagonista de "Bartleby, o Escrevente", um dos personagens mais excêntricos da literatura. O conto existencial do americano Herman Melville aborda temas como a negação, o absurdo e a resistência.

A obra está no décimo volume da Coleção Folha Inglês com Clássicos da Literatura, que chega às bancas no próximo domingo (10/6).

A trama é apresentada em versão bilíngue, com textos lado a lado em cada idioma, o que facilita comparações para o estudante de língua inglesa. A edição dá acesso a uma plataforma digital, com versões da trama em PDF e em áudio.

O conto de Melville (1819-1891) foi publicado em revista em 1853 e pertence ao livro "Contos da Varanda", de 1856. Recebida com entusiasmo por leitores e críticos, a história tem quase uma dezena de traduções no Brasil.

"Bartleby, o Escrevente" se difere de outras obras de Melville por retratar o ambiente árido e vertiginoso da Wall Street do fim do século 19, diferentemente dos ambientes naturais, como mares e paisagens exóticas, retratados pelo autor em "Moby Dick", de 1851.

A percepção do vazio e da solidão, a oposição entre passividade e atitude, excentricidade e ocupação surgem neste volume da Coleção Folha.

Quem narra o conto é um advogado de Wall Street. Ele tem dois copistas enérgicos que revezam surtos ao longo do dia e, devido ao aumento da demanda de trabalho, precisa reforçar a equipe.

Um dia, Bartleby se torna funcionário da empresa como escrevente: "o mais estranho que já vi ou de quem ouvi falar", diz o advogado logo na primeira página. Seu semblante é sério, pálido e desolado —os outros funcionários têm caráter inflamado.

A princípio o protagonista se mostra um empregado exemplar aos olhos do patrão: trabalha dia e noite, e não faz pausas, é impecável com o trabalho e gentil. Mas se mostrava indiferente e escrevia em silêncio e de forma mecânica.

No terceiro dia, o advogado pede a Bartleby que revise sua própria escrita —tarefa costumeira entre os copistas— e ouve a resposta suave e firme "eu preferiria não fazê-lo". E, em vez de respondê-lo com rispidez, o advogado se sentiu desarmado e reflexivo.

A partir de então, passa a recusar sucessivamente os pedidos. O semblante de Bartleby ao proferir tal frase é tranquilo, sem sinais de raiva ou incômodo. Não aparenta rebeldia e atrevimento, o que intrigou e até comoveu o empregador.

A trama exibe atualidade ao criticar o estado de confinamento em cubículos frios, empregos opressivos, sem se valer de discursos éticos. Bartleby recorre a uma só frase e resiste silenciosamente.

A narrativa dá detalhes de elementos de infraestrutura do cenário, prédios, paredes, roupas e conflitos corporativos. "Bartleby, o Escrevente" foi adaptado para o teatro e mais de uma dezena de vezes para o cinema.

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