Descrição de chapéu

Melhor longa de Tavernier, 'Princesa' vive seus últimos dias na Netflix

Filme de diretor que trabalha na tradição do cinema popular francês deixa a plataforma em 1º/8

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Mélanie Thierry e Gaspard Ulliel em cena de "A Princesa de Montpensier", de Bertrand Tavernier
Mélanie Thierry e Gaspard Ulliel em cena de 'A Princesa de Montpensier', de Bertrand Tavernier - Divulgação

A Princesa de Montpensier

  • Onde Na Netflix só até quarta (1º/8)


No labirinto da Netflix acontecem coisas assim: graças à seção Multitela, descobri que “A Princesa de Montpensier”, de Bertrand Tavernier, vive seus últimos dias no canal de streaming (deixa a plataforma em 1º/8).

Essa produção de 2010 é, de longe, o que melhor vi até hoje dirigido por Bertrand Tavernier, cineasta que trabalha na tradição do cinema popular francês e quase sempre nos dá filmes meramente aproximativos.

Bem, na adaptação do romance da Mme de La Fayette ele cuidou de buscar apoios historiográficos fortes, em busca de uma reconstituição de época que correspondesse não só à letra, mas sobretudo ao modo de sentir da época.

Estamos no século 16 francês, durante duros combates entre protestantes e católicos. Ali, a jovem Marie, prometida desde a infância a Henri de Guise, por quem é, aliás, apaixonadíssima, acaba, por obra de tratativas familiares (mulheres não tinham voz em assuntos que diziam respeito a si próprias) acaba casada com Philippe de Montpensier.

Casada sem amor, Marie respeita a instituição e aceita seu destino. Seus problemas surgem quando o conde de Chabannes, velho amigo do marido, apaixona-se por ela. Chabannes é um ex-guerreiro, banido tanto por católicos quanto por protestantes. Lutou com os dois lados e tornou-se desertor, por estar farto das matanças da guerra (de que participa animadamente na abertura do filme).

Bem, uma paixão proibida e seus desdobramentos é tudo que poderia interessar a Mme de La Fayette, escritora soberba , porém adepta de uma moral mais que estrita. Foi ela quem narrou os sofrimentos atrozes da princesa de Clèves, apaixonada por outro que não o seu marido.

A versão de Tavernier não tem a ousadia e o talento de Manoel de Oliveira, que adaptou “A Princesa de Clèves” em 1999 (“A Carta”), mas procura ser exato quanto às as relações familiares e aos ódios produzidos pelas guerras de religião naquele momento, sem perder de vista o que tal trama possa dizer ao espectador do presente.

A tendência mais clássica é compensada pela adoção de atores e atrizes jovens, na idade que teriam os protagonistas da história original, casos de Mélanie Thierry (Marie de Montpensier), Gaspard Ulliel (Henri de Guise) e Grégoire Leprince-Ringuet (Philippe de Montpensier).

Todos se saem bem. Mas a surpresa do filme é Lambert Wilson (Chabannes): já fez mais de cem filmes, na França e nos EUA. Nunca imaginei dizer um dia que ele fez um trabalho admirável. Pois aqui ele fez.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.