Descrição de chapéu Artes Cênicas

Peça investiga o mito da santa e guerreira Joana D'Arc

Trama percorre de captura a julgamento e morte da francesa

Atriz Silmara Deon no espetáculo "O Julgamento Secreto de Joana D'Arc" - Lenise Pinheiro/Folhapress
MLB
São Paulo

O mito de uma santa que também era guerreira chega hoje, mais de 500 anos depois, um tanto nebuloso.

A história de Joana d'Arc, a camponesa que guiou tropas francesas na luta contra ingleses, e acabou levada à fogueira, foi um tanto modificada ao longo dos tempos, mas a ideia de um mito permanece.

É nesse ponto que se debruça "O Julgamento Secreto de Joana D'Arc", que espetáculo que estreou na última quinta-feira (26) em São Paulo.

"Quando começamos a estudar, percebemos que a história foi quase construída, não tem uma informação totalmente oficial. Até o processo no Vaticano foi modificado", diz o diretor Fernando Nitsch.

A dramaturgia de Aimar Labaki, baseado em documentos originais arquivados na Biblioteca Nacional da França, vai da captura de Joana pelos ingleses e seus aliados na França, em 1430, passa por seu julgamento (acusada de heresia) e chega até sua morte.

Apesar da fidelidade histórica, muito é imaginado, em especial as conversas privadas entre Joana (interpretada por Silmara Deon) e o bispo Pierre Cauchon (Rubens Caribé).

Ali surge não apenas a religiosidade da francesa como também seu espírito guerreiro e seu nacionalismo.

"A maioria das imagens que temos hoje de Joana toma ela como uma menina frágil, guiada pela voz de Deus, como se a determinação dela, a habilidade que ela tinha em liderar, lutar, não contassem", afirma Silmara. "Eu me incomodava com o fato de a imagem dela se aquela ser vista por outros."

Nesse ponto, a peça tenta revelar como os motivos do julgamento —acusavam-na de herege porque suas práticas religiosas não seriam ortodoxas— eram desculpas de cunho político, já que ela representava uma insurgência contra as forças que então dominavam o noroeste francês.

E também entender o que desse processo e da personagem ressoam ainda hoje. Assim, além de Joana, há um coro com outras seis atrizes.

Elas por vezes acompanham a protagonista, noutras espalham-se pelos cantos do Teatro Oficina, onde a peça é encenada, e ecoam o que ela diz.

"São vozes orientando Joana, que muitas vezes se inspira nelas", explica o diretor. "Mas elas podem tanto ser apenas vozes como outras Joanas, outras tantas mulheres".

O coro e a narrativa são costurados pela trilha sonora, com temas franceses e do teatro musical, dirigida por Miguel Briamonte (de musicais como "2 Filhos de Francisco" e "O Fantasma da Ópera")

O Julgamento Secreto de Joana D'Arc

  • Quando Qua. e qui., às 20h. Até 20/9
  • Onde Teatro Oficina, r. Jaceguai, 520
  • Preço Ingr.: R$ 5 (moradores da Bela Vista) a R$ 20
  • Classificação 16 anos
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