É bem fácil de resumir. Mr. Bean finge ser James Bond. Pela terceira vez. A ideia é simples e continua funcionando. “Johnny English 3.0” prova que uma comédia familiar bem construída ainda tem espaço nos cinemas.
O agente secreto britânico Johnny English já pode ser considerado o terceiro personagem marcante na carreira de Rowan Atkinson, 63. Nos anos 1980, ele personificou em várias temporadas na TV o príncipe Edmund, responsável pelo sucesso da série “Black Adder”, ambientada na Idade Média.
Na década seguinte, sua popularidade pulou do Reino Unido para o mundo inteiro com “Mr. Bean”, no qual seu personagem fazia humor pastelão sem abrir a boca. Uma carinhosa revisão moderna e inglesa dos comediantes do cinema mudo.
A repercussão de “Mr. Bean”, interpretado por ele em séries, filmes e peças de teatro, foi tamanha que Atkinson parecia amarrado ao personagem para sempre. Por isso, o primeiro “Johnny English”, em 2003. foi recebido pela maioria do público como Mr. Bean brincando de 007.
Na verdade, embora English tenha a cara de Bean, seu parentesco maior talvez seja com o Inspetor Clouseau, que Peter Sellers (1925-1980) imortalizou na série de filmes “A Pantera Cor de Rosa”, entre 1963 e 1978. Os dois personagem compartilham extrair seu humor da combinação de extrema estupidez e muita sorte.
O segundo filme de Atinkson como agente secreto trapalhão, “O Retorno de Johnny English” (2011), não é tão engraçado quanto sua estreia no papel. Para esta terceira investida, o roteiro vem mais caprichado e o ritmo de situações engraçadas é fluido, quase ininterrupto.
Na trama, um ataque hacker revela a identidade de todos os agentes do serviço secreto britânico no mundo. Isso deixa o país à mercê de novos ataques, o que obriga a convocação de um agente aposentado, que estava vivendo como professor numa escola no interior da Inglaterra. English interrompe suas divertidas aulas de espionagem para pré-adolescentes e atende ao chamado.
Um gênio milionário e sedutor do Vale do Silício, espécie de Steve Jobs bonitão, oferece seus predicados tecnológicos para ajudar o Reino Unido em crise. A primeira-ministra não só aceita de bom grado a oferta como também se apaixona pelo nerd galã, na verdade cheio de más intenções.
Enquanto isso, English avança suas investigações entre episódios bizarros, como se fingir de garçom e provocar um incêndio no restaurante ou protagonizar uma cena cômica antológica ao experimentar óculos de realidade virtual.
Sem o mínimo esforço, Emma Thompson deixa e rola como a primeira-ministra. Outro (belo) rosto feminino conhecido é o da russa Olga Kurylenko, que foi “Bond girl” para Daniel Craig e agora aparece rebaixada a “English girl” para Atkinson.
O repertório de situações vai de piadas óbvias a algumas bem divertidas e inesperadas. Mas, acima de tudo, o filme depende do imenso carisma do ator.
“Johnny English 3.0” é mais do mesmo. Para entreter satisfatoriamente quem é fã de Mr. Bean.
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