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Cinema

Russo 'Sobibor' narra drama de guerra com tons de crueldade

Longa é acima do padrão no gênero e boa experiência de cinema

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Sobibor

  • Quando Estreia nesta quinta (25)
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Konstantin Khabenskiy, Christopher Lambert, Mariya Kozhevnikova
  • Produção Rússia, 2018
  • Direção Konstantin Khabenskiy

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Indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no último Oscar, o russo "Sobibor" nunca teve qualquer chance diante do vencedor, o aclamado "Roma". Mas é uma produção poderosa, que opta por contar um drama de guerra com tons de crueldade. E faz isso muito bem.

O filme é baseado num episódio real da Segunda Guerra Mundial. Em 1943, foi registrada a fuga completa de um campo de concentração, em Sobibor, na Polônia.

Embora muitos fugitivos tenham sido recapturados depois, na inóspita região em que o campo se localizava, pelo menos 150 judeus conseguiram escapar dos nazistas.

Toda a narrativa é uma preparação para a grande fuga. Para isso, o roteiro alterna as ações prévias do plano dos prisioneiros com cenas de mortes, torturas e humilhações. É nessa reconstituição do dia a dia do campo que o filme tem uma força inegável.

As imagens transmitem de forma impactante o desprezo dos soldados nazistas pelos cativos. Mais do que ódio, a trama pretende evidenciar como os judeus eram tratados como inferiores, em condições ultrajantes.

Sem revelar muito do roteiro, é possível citar duas sequências marcantes. Uma no início do filme, quando a ação explica como eram selecionados quais prisioneiros iriam para o campo e quais seriam destinados diretamente à morte nas câmaras de gás. Depois, quando uma grotesca festa dos militares no campo inclui muita cerveja e torturas.

Ao pegar pesado na reprodução dos maus-tratos, o roteiro se distancia de outras obras inspiradas no episódio. O sofrimento dos prisioneiros é mais "suavizado" no bom filme para TV de 1987, "Fuga de Sobibor", com Rudger Hauer e Alan Arkin.

Na produção russa, os rostos do elenco são desconhecidos do público brasileiro, com exceção de Christopher Lambert ("Highlander"), como Karl Frenzel, o comandante alemão. O papel principal, Alexander Pecherski, preso transferido de outro campo que irá liderar a rebelião, está com Konstantin Khabenskiy, também diretor.

Estreando no comando de um longa, ele tem 65 filmes no currículo de ator. Entre eles, pontas em duas produções de Hollywood, "O Procurado", com Angelina Jolie, e "Guerra Mundial Z", com Brad Pitt.

A amostra de sua atuação em "Sobibor" revela um ator intenso, defendendo a figura amargurada de Pecherski. O personagem é atormentado por ter participado de uma tentativa de fuga em outro campo, que resultou na morte de vários prisioneiros e sua transferência para Sobibor.

Ele é pressionado pelos outros cativos a comandar a fuga. Demora um tanto até Pechersky decidir assumir a tarefa, enquanto o espectador acompanha pequenas tramas paralelas com outros personagens. O ator adolescente Kacper Olszewski também é notável como Twooi, garoto judeu tratado como um cachorrinho de estimação pelos soldados.

A fotografia quase monocromática, em tons de marrom, dá beleza ao ambiente trágico. E "Sobibor" mostra que as produções russas continuam com a proposta sexista de escalar mulheres muito bonitas em seus elencos. As poucas prisioneiras destacadas no enredo são interpretadas por atrizes deslumbrantes.

Drama pesado em um filme de guerra acima do padrão no gênero, "Sobibor" é uma boa experiência de cinema, mas definitivamente não é para quem procura pura diversão.

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