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Ser jovem é um perigo no Lollapalooza, o festival das marcas

É preciso se desviar de uma bateria de empresas que ataca por todos os lados

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São Paulo

É muito perigoso ser jovem nos dias de hoje. Veja por exemplo o festival de música Lollapalooza Brasil, que acontece neste fim de semana em São Paulo.

Em primeiro lugar, para assistir ao The Struts e a diversas outras atrações, o jovem precisa pagar quase um salário mínimo se não for estudante. O valor do ingresso integral de cada dia é R$ 800.

Em seguida, após chegar a Interlagos, o jovem precisa se desviar de uma bateria de empresas que o ataca por todos os lados. Se tem algo que o festival Lollapalooza oferece mais do que atrações musicais são as marcas.

Adidas nos pés, Coca-Cola na mão, cigarros Kent na boca, além de Vivo, Samsung, Next, Budweiser, Tanqueray e Johnny Walker.

Cada uma dessas marcas oferece lounges, espaços para carregar celular e brindes. O jovem precisa ficar atento para não entrar em filas à toa. Se tem alguma à vista no Lolla, certamente não é a do banheiro. É porque a Adidas resolveu dar camisetas ou pochetes de plástico. Um perigo.

O wi-fi livre do festival traz o nome do carro Onix e, para beber água, o jovem precisa ter frequentado escola particular de inglês: ele entra na “water station” do Bradesco, ganha um “squeeze” (um recipiente que parece um saco) e o preenche com o líquido.

Há muitas outras gratuidades além da water. Consultas de tarô, espirradas de desodorante Axe no sovaco e estações com repelentes de mosquitos.

O caixa é um espanto de comodidade e tecnologia. O jovem passa seu cartão e sua pulseira incorpora o valor eletronicamente. Depois, basta aproximar o braço nas lojas e bares para sair gastando.

Henrique FogaçaOlivier Anquier e Jefferson Rueda, doces Fini, salgados Doritos e maionese Hellmann’s, Bráz Elettrica, Holy Burger e sorvetes Ben & Jerry's. Até o cheiro de perfume dos frequentadores das barracas de comida de chef remete a um shopping center.

Mas jovem que é jovem está sempre em busca do perigo. Ele persevera e continua a procurar pelo rock’n’roll.

Não, espera. Agora o que está tocando é funk, eletrônico e rap.

Uma das atrações, essa de rock mesmo, foi a banda britânica The Struts, cujo vocalista, Luke Spiller, segue os passos de Freddie Mercury, do Queen.

O último disco deles diz tudo: “Young and Dangerous” (jovens e perigosos). Realmente, está um perigo essa juventude. ​

 
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