Anos depois de ter a família assassinada e fugir para o Brasil, onde se tornou milionário e assumiu outra identidade, o português Jorge Monforte (Diogo Morgado) volta à terra natal para se vingar de seus algozes.
Mas há um obstáculo inesperado. Ele está apaixonado por Bia Ferreira da Fonseca (Joana de Verona), a filha de seu maior inimigo.
A trama central da novela portuguesa “Ouro Verde” é folhetim em estado puro. Ela remete ao clássico “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas, e já foi comparada à de “Avenida Brasil” (Globo, 2012), de João Emanuel Carneiro.
A autora Maria João Costa assume as semelhanças, e até afirma que sua novela —a primeira “de sempre” (de sua vida), como se diz em Portugal— é parecida com “O Outro Lado do Paraíso” (Globo, 2017).
A obra de Walcyr Carrasco, no entanto, foi ao ar depois da sua. Exibida pelo canal TVI entre janeiro e outubro de 2017, “Ouro Verde” não só se tornou um fenômeno de audiência, como ainda foi vendida para 60 países e conquistou o Emmy Internacional de melhor telenovela em 2018, quando nenhuma produção da Globo foi indicada na categoria. Nesta segunda (15), finalmente estreia por aqui, na Band.
Se o enredo não traz maiores novidades, como se explica o sucesso de “Ouro Verde”? Um diferencial importante são os cenários e atores brasileiros. Além de Lisboa, a novela também se passa no Rio de Janeiro e na Amazônia.
O elenco traz nomes como Zezé Motta, Silvia Pfeifer e Gracindo Júnior, todos bastante conhecidos pelo público luso. Além de Bruno Cabrerizo, brasileiro que despontou em Portugal antes de protagonizar “Tempo de Amar” (Globo, 2017), e do português Pedro Carvalho, atualmente no ar em “A Dona do Pedaço” (Globo).
Mas a melhor característica de “Ouro Verde” talvez seja o ritmo vertiginoso. Os dois primeiros capítulos mostram dois atentados sangrentos, um acidente espetacular e o reencontro entre amantes que não se viam há uma década e meia.
Resta saber se essa intensidade resiste ao longo de 221 capítulos —uma enormidade para os padrões de hoje no Brasil, onde a tendência são folhetins cada vez mais curtos. Mas, em conversa com jornalistas realizada em São Paulo, Maria João Costa disse que sua obra não tem barriga --o jargão para a enrolação que acomete quase todas as novelas.
Esta é a primeira vez em que uma das nossas grandes redes comerciais de TV exibe uma novela portuguesa (outras já foram ao ar pela estatal TV Brasil, sem maior repercussão).
Para facilitar a aceitação do programa por aqui, a Band tomou alguns cuidados. Todos os atores portugueses foram dublados no sotaque brasileiro (mas o áudio original também está disponível). Os créditos destacam os atores de cá, e o novo tema de abertura é “Casava de Novo”, na voz do brasileiro Daniel.
Em termos de produção e acabamento, “Ouro Verde” não fica atrás de suas similares nacionais. Tem rostos e paisagens familiares, e uma leve pitada de exotismo. Também discute alguns temas na ordem do dia, como a relação do agronegócio com o ambiente. O nome da novela é o mesmo da empresa comandada por Jorge, um conglomerado de fazendas de gado e soja.
O público brasileiro talvez a veja como um produto híbrido. Se a resposta for boa, a Band estará dando um grande passo para recuperar a audiência perdida.
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