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Governo tira produtores e põe executivos de TV em comitê de fundo audiovisual

Cineastas se dizem preocupados com a ausência de nomes ligados à produção audiovisual entre os titulares

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São Paulo

O governo federal anunciou nesta quinta (24) a composição do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual, o FSA, responsável por liberar recursos para a área. Publicada no Diário Oficial da União, a escolha já havia guiado a primeira reunião do Conselho Superior do Cinema deste governo, realizada há uma semana na Casa Civil.

São eles Hiran Silveira, executivo da TV Record e membro do Conselho Superior do Cinema, o roteirista Paulo Rogério Cursino, de produções como “De Pernas pro Ar” e “Até que a Sorte nos Separe”, e Cícero Aragon, presidente da programadora BoxBrasil.

O roteirista Paulo Cursino na pré-estreia do filme 'Divórcio' no shopping Iguatemi
O roteirista Paulo Cursino na pré-estreia do filme 'Divórcio' no shopping Iguatemi - Zé Carlos Barretta - 18.set.2017/Folhapress

Profissionais da área se preocupam com a ausência de produtores cinematográficos entre os titulares e com o vínculo de dois deles com a televisão. Na formação anterior do órgão, todos os membros nominais atuavam na função.

Além disso, os únicos produtores cinematográficos do grupo são suplentes. Como apenas titulares foram convocados para a reunião do Conselho Superior do Cinema, caso a dinâmica se repita nos encontros do Comitê Gestor, há o risco de não haver representantes das etapas de produção ou de distribuição nas discussões sobre o principal mecanismo de fomento direto à indústria audiovisual do país.

“Acho um absurdo que um comitê gestor tenha um representante da Record e nenhum do cinema independente”, afirma Vera Zaverucha, diretora da Ancine, a Agência Nacional do Cinema, de 2011 a 2015.

“A partir do momento que o ministro diz que vai acabar com o cinema de arte, entendemos essa composição”, acrescenta, referindo-se a uma declaração de Osmar Terra de agosto em que criticou a produção autoral brasileira por não atrair um público massivo.

A posição de Zaverucha ecoa a de outros profissionais, que ainda se dizem temerosos com a nomeação de Tutuca, o apresentador e colunista social Edilásio Barra, para o cargo de superintendente de desenvolvimento econômico da Ancine, no qual será responsável pela gestão do FSA, além da previsão de um corte de 43% do orçamento do fundo no ano que vem. 

A produtora Mariza Leão, integrante do Comitê Gestor anterior, diz sentir falta de produtores na nova composição, mas prefere comemorar a nomeação do Conselho Superior e do comitê. “Sem eles, estávamos no limbo”, afirma.

“Agora é torcer e trabalhar por uma política de investimentos que respeite cada setor do audiovisual.”

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