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Mostra Tiradentes tenta imaginar o futuro do cinema mineiro

Edição prioriza investimento privado para internacionalizar marca e coproduções

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Tiradentes (MG)

A Mostra de Cinema de Tiradentes, que inicia neste sábado (25) a programação de sua 23ª edição, é essencialmente um evento de prospecção de um cinema ainda por vir. Não por acaso, o centro de sua programação é a mostra "Aurora", dedicada a jovens cineastas.

Para 2020, os organizadores Francis Vogner Reis e Lila Foster escolheram dar ênfase à ideia de força da imaginação. O motivo: o festival mineiro mantém um olho no futuro e outro no passado recente.

O passado recente se caracteriza pelo surgimento de uma geração forte de realizadores, com filmes que voltaram a projetar o país internacionalmente, ao mesmo tempo em que filmes destinados a um público amplo eram lançados com força no mercado interno.

O futuro pareceu um tanto sombrio desde o início do novo governo, que se propôs a “filtrar”, isto é, controlar a produção cultural —ideia que recentemente o ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, expôs com todas as letras.

Talvez letras demais, o que lhe custou o cargo. Como o governo continua o mesmo e suas intenções também, os debates em Tiradentes, no interior mineiro, passarão necessariamente pelas perspectivas da nascente indústria do audiovisual.

Não por acaso, algumas mudanças institucionais já se anunciam no quadro da própria mostra —saem as empresas estatais (tipo Petrobras, BNDES) e entra a cervejaria Petra como patrocinadora do evento.

Também não é por acaso que a mostra procura se internacionalizar, promovendo a vinda ao Brasil de convidados ligados a festivais internacionais, à crítica ou a instituições que podem promover a aproximação e, em suma, coproduções com o Brasil.

Seu pensamento pode se resumir nas palavras de Roger Koza, curador dos festivais de Hamburgo, na Alemanha, e Viena: “A mostra de Tiradentes é hoje um lugar de descobrimento de novos cineastas: todos passam por aqui”.

Talvez haja um quê de exagero ou gentileza nessas palavras, mas o programa de Tiradentes é esse mesmo —prioritariamente, trazer à tona novos talentos e, em sua presença, expandir as discussões sobre as atividades audiovisuais.

Como nem só de jovens talentos vive o cinema, a mostra propõe também a seção "Olhos Livres", dedicada a cineastas veteranos dedicados em geral à prática de um cinema que foge ao convencional. Entre eles, neste ano, estão programados filmes de Paula Gaitán, Geraldo Sarno e Helena Ignez.

A mostra, que se inaugurou ontem com a pré-estreia de “Escravos de Jó”, de Rosemberg Cariry, homenageará ao longo da semana os atores Antônio Pitanga e Camila Pitanga, pai e filha. Antônio é ator central do cinema brasileiro desde o cinema novo (e até antes), Camila é presença destacada no audiovisual contemporâneo. Coincidência ou não, outro filho de Pitanga, Rocco, atua em “Escravos de Jó”.

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