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Novo disco de Zé Renato destaca elegância e sofisticação de Paulinho da Viola

'O Amor É um Segredo - Zé Renato Canta Paulinho da Viola' traz economia de instrumentos e voz afinada

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O Amor é Segredo - Zé Renato Canta Paulinho da Viola

  • Onde Lançamentos independente, nas plataformas digitais e em CD
  • Autor Zé Renato
  • Show de lançamento Sesc Bom Retiro, alameda Nothmann, 185. Sábado (11), às 21h; domingo (12), às 18h. Ingressos: de R$ 9 a R$ 30

O cantor e músico capixaba Zé Renato ainda é mais conhecido por seu trabalho como integrante do grupo vocal e instrumental Boca Livre, com sucesso nacional no início da década de 1980. Mas quem acompanha de perto a MPB mais interessante produzida no país deve conhecer sua frutífera carreira solo.

São quase 20 álbuns de música sofisticada e elegante. E agora essa sofisticação encontra um mestre da elegância, Paulinho da Viola. São apenas nove faixas, extraídas da fatia não tão popular da obra do "príncipe do samba", mas "O Amor É um Segredo - Zé Renato Canta Paulinho da Viola" tem como único defeito ser tão curto.

homem de oculos
O músico Zé Renato, que lança disco com versões de Paulinho da Viola - Philippe Leon/Divulgação

A economia de instrumentos, com violão, percussão leve e ocasionais sax e trompete, casa bem com a proposta de uma gravação enxuta, na qual apenas versos irretocáveis e uma voz afinada precisam se destacar.

Abrir o disco com "Um Caso Perdido", que Paulinho gravou no álbum de 1987, "Eu Canto Samba", é um encaixe perfeito com a discussão atual de gênero. Nada mais romântico e moderno do que uma letra em que o compositor admira e respeita uma mulher, apesar da fama de namoradeira.

"Dizem que ela é um caso perdido/ dizem que ela tem amores demais (...) Sei que as histórias que contam/ não passam de intrigas/ de quem não aceita/ seu jeito de ser e viver a vida."

Zé Renato foi muito feliz na escolha do repertório. Talvez a mais conhecida das músicas seja mesmo "Cidade Submersa", do antológico álbum de Paulinho de 1973, "Nervos de Aço". Ou "Minhas Madrugadas", registrada pelo autor no disco "Timoneiro", de 2002, mas que teve antes gravações primorosas de outros artistas, como Elizeth Cardoso.

O cantor poderia ter cedido ao apelo fácil de obras como "Foi um Rio que Passou em Minha Vida" ou "Argumento", mas preferiu o garimpo, até resgatar, por exemplo, um belíssimo samba, "Foi Demais", faixa de "Zumbido", disco gravado em 1979.

A produção, assinada por Zé Renato e pelos irmãos Tostão e Lula Queiroga, cria uma moldura tênue para os versos carregados de tristeza e desilusão que ocupam as estrofes de Paulinho. O samba sempre foi triste, ele mesmo já disse, e não dá para ir contra o que afirma Paulinho da Viola. Ele é o samba personificado.

Ainda em atividade com o Boca Livre, Zé Renato tem construído um discografia sólida, que muitas vezes dedica um álbum e um ciclo de shows a determinado compositor. Já gravou projetos com material de Silvio Caldas e Zé Keti. Em 2002, lançou o empolgante "Filosofia", cujo repertório era dividido entre músicas de Noel Rosa e Chico Buarque.

Zé Renato faz show em São Paulo neste fim de semana. Quem for ao Sesc Bom Retiro no sábado ou no domingo deve ouvir algo muito próximo do resultado do álbum. Porque as canções arrebatadoras de Paulinho da Viola só dependem de uma voz bem-educada. Aos 63 anos, Zé Renato segue cantando muito.

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