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Brasileiro que concorre ao Urso de Ouro diz que governo Bolsonaro flerta com censura

Caetano Gotardo codirige 'Todos os Mortos', longa selecionado para a principal categoria do Festival de Berlim

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Berlim

Três dias depois que o cineasta Kleber Mendonça Filho (“Bacurau”), membro do júri do Festival de Berlim, disse à imprensa mundial que o cinema do Brasil está sendo sabotado pelo atual governo do país, a gestão Bolsonaro voltou a ser atacada internacionalmente no evento.

Na tarde deste domingo (23), a equipe do longa “Todos os Mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, exibido em competição, voltou a abordar a crise na cultura brasileira durante conversa com a imprensa internacional.

“Mais do que esse filme estar em competição, é bom simbolicamente o fato de 19 brasileiros estarem aqui este ano”, disse Gotardo, em referência ao número de produções com capital brasileiro que participam da mostra alemã neste ano.

 
(esq.) As atrizes Leonor Silveira, Mawusi Tulani, os diretores Caetano Gotardo and Marco Dutra, Clarissa Kiste e Carolina Bianchi durante conversa com jornalistas sobre o filme 'Todos os Mortos', em Berlim
(esq.) As atrizes Leonor Silveira, Mawusi Tulani, os diretores Caetano Gotardo and Marco Dutra, Clarissa Kiste e Carolina Bianchi durante conversa com jornalistas sobre o filme 'Todos os Mortos', em Berlim - AFP

“Estamos aqui como parte de um conjunto grande de produções artísticas brasileiras que estão sendo realizadas e vem ganhando força nos últimos anos. E tudo isso vem sido atacado violentamente. Os artistas estão sendo alvos de notícias falsas, perseguições pessoais e às suas obras, circulação de mentiras”, disse Gotardo.

“É muito importante estarmos aqui e permanecermos presentes no cenário internacional, porque isso nos dá uma sensação da força que a arte brasileira tem e [a vontade de] lutar contra esse ataque direto que tem sido feito, inclusive com aceno à censura”, completou o cineasta.

A produtora do longa, Sara Silveira, também criticou a gestão Bolsonaro. “Um governo de extrema-direita que ataca nossa cultura, nossa educação, o audiovisual, e [ainda assim] nós conseguimos dizer coisas, mostrar como estamos trabalhando.” E completou: “Nós, os artistas, estamos juntos gritando por liberdade, democracia, contra a censura e por resistência”.

“Todos os Mortos”, que disputa o Urso de Ouro, principal prêmio do evento, se passa pouco depois da abolição da escravatura, em São Paulo, com foco em duas famílias. Os Soares são brancos e trabalhavam na cafeicultura, mas enfrentam sérios problemas financeiros. Os Nascimento são ex-escravos, agora livres, mas que precisam lidar com uma sociedade que não lhes dá muita opção de inserção social.

O longa mistura aspectos da São Paulo do fim do século 19 com a dos dias atuais, mostrando paralelos entre a sociedade brasileira dos dois períodos.

A sessão de gala, no tapete vermelho, acontece no início da noite deste domingo. O anúncio dos vencedores na competição principal será no dia 29 de fevereiro.

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