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Gal Costa é celebrada em minissérie que reconstrói suas transformações

'O Nome Dela É Gal', que mistura entrevistas com a cantora, músicos de sua geração e imagens de arquivo, está na HBO Max

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Renato Terra

Roteirista do Conversa com Bial e diretor dos documentários 'Narciso em Férias', 'Eu Sou Carlos Imperial' e 'Uma Noite em 67'. Trabalhou na revista piauí até 2016 e foi o ghost-writer do 'Diário da Dilma'

O Nome Dela É Gal

  • Onde HBO Max
  • Classificação 12 anos
  • Produção Brasil, 2016
  • Direção Dandara Ferreira

Gal Costa, que completou 76 anos nesta semana, tem uma das trajetórias mais marcantes da música brasileira. Lançada em 2016, a série “O Nome Dela É Gal”, dirigida por Dandara Ferreira, ajuda a entender o encantamento provocado pela sua voz e pelo seu comportamento desde a década de 1960 até hoje.

São quatro episódios com cerca de uma hora com depoimentos de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Luiz Melodia, Djavan, Tom Zé, entre outros, entremeados por saborosas imagens de arquivo. Mas o protagonismo é de Gal, que dá longas entrevistas.

Vendo sua carreira em perspectiva, salta aos olhos a coragem de sempre romper com a imagem pública que havia construído até ali. Sua intuição para fugir da caretice ao longo das décadas é impressionante. Tudo isso sem nunca perder um quê de espontaneidade.

A organização dos episódios ajuda a fazer essa conexão. O primeiro, “De Maria da Graça a Gal”, retrata uma menina tímida, que tinha uma galinha como animal de estimação. Pela força de seu talento natural, conheceu Caetano, Gil e Bethânia e encantou João Gilberto.

A imagem pública de uma cantora cool, com a voz perfeita para a bossa nova, não resiste ao episódio seguinte. “Dos Festivais às Dunas da Gal” mostra uma cantora vigorosa, inspirada por Janis Joplin, que subiu no palco do Festival da Record para cantar “Divino Maravilhoso” de maneira arrebatadora. Em seguida, nova mudança –a Gal Fa-tal, das Dunas de Gal, que virou um símbolo da contracultura nas areias de Ipanema durante a ditadura.

Os episódios seguintes “Da Contracultura ao Pop” e “Do Futuro ao Presente” constroem essa trajetória sempre aberta ao risco e às transformações. Estão lá os Doces Bárbaros, o antológico disco “Índia”, as experimentações radicais com Caetano em “Recanto”.

É muito bonita a maneira como Gal descreve sua relação com Caetano, aliás. Ela descreve o encontro como uma missão com ares de vocação mística. Caetano compôs músicas para ela, produziu muitos de seus shows e discos.

A maneira como a série retrata o show “Gal Tropical” sintetiza todos esses elementos. Em sua entrevista, Gal lembra que a ideia partiu de Guilherme Araújo, seu empresário. “Guilherme estava andando na rua um dia e começou a perceber que eu estava mudando a minha maneira de me vestir”, diz Gal. Dessa observação surgiu a ideia de associar sua imagem às divas do cinema. Araújo bolou o conceito, escolheram juntos o repertório e Gal topou fazer.

Quando assistiu ao show, Caetano caiu em prantos no camarim. Tempos depois, se encontrou com Gal e disse que não havia gostado. “Gal Tropical”, no entanto, havia se tornado um estrondoso sucesso de público e crítica.

Na série, Gal lamenta que o espetáculo não tenha agradado a pessoa mais importante para ela, mas pondera: “Só agora, mais de 20 anos depois, entendo a lágrima dele no camarim. Acho que, naquela hora ele percebeu que eu nascia uma nova Gal. Que ele perdia sua criatura. Que eu poderia partir para sempre sendo eu mesma, como um pai que via sua filha sair de casa livre e independente.”

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