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Musical 'O Rei do Show', que Hugh Jackman levou às telas, ganha uma versão brasileira

Adaptação de peça da Broadway sobre o showman revolucionário P. T. Barnum tem acrobacias e letras em sueco

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São Paulo

Depois de atravessar o foyer decorado com lâmpadas coloridas e um alvo de arremesso de facas, o espectador entra na sala. Quando as luzes se apagam e as cortinas se abrem, vê um grande portal dourado de dois níveis com escadas laterais com ornamentos drapejados, à maneira da belle époque. Uma dezena de artistas então ocupa o palco com coreografias cheias de mortais, piruetas e malabares.

Se estiver desavisado, o espectador não saberá dizer se está num salão nobre antigo ou num circo. De certo modo, ele está nos dois lugares ao mesmo tempo ao assistir a "Barnum: O Rei do Show", que abre sua temporada no teatro Opus no shopping Villa-Lobos agora.

A peça, uma adaptação de um musical da Broadway, chega pela primeira vez aos palcos brasileiros e conta a história daquele que é considerado o revolucionário do entretenimento moderno, o showman americano Phineas Taylor Barnum, ou P. T. Barnum.

Baseado em fatos reais, ocorridos no século 19, a obra narra como aquele homem esperto insere em suas apresentações figuras como malabaristas, trapezistas, “a mulher mais velha do mundo”, anões, animais selvagens e todo tipo de atrações que mais tarde se consolidariam como marcas do que entendemos como circo até hoje.

Trajados com roupas circenses coloridas ou longos vestidos de babados vitorianos, os atores do elenco formado por Murilo Rosa, no papel principal, Kiara Sasso e Giulia Nadruz —atrizes com passagens por musicais como “O Fantasma da Ópera” e “Cinderella”— e Diva Menner, cantora transexual que foi semifinalista da edição de 2020 do programa "The Voice Brasil".

Adaptado para o cinema em 2017, numa versão protagonizada por Hugh Jackman, “Barnum: O Rei do Show” é originalmente um musical de 1980 escrito por Mark Bramble e com músicas compostas por Cy Coleman, tendo vencido uma dezena de prêmios Tony em suas várias versões encenadas mundialmente. A versão brasileira ficou a cargo do diretor Gustavo Barchilon.

Embora a peça preze a diversidade, o que o diretor faz questão de reforçar afirmando ter enfrentado os problemas contemporâneos, a nova adaptação não contém mais personagens negros de destaque além de Diva Menner, que interpreta duas personagens —uma mulher de supostos 160 anos e uma cantora de blues.

Se na versão cinematográfica as acrobacias circenses já impressionam, na adaptação teatral elas ganham um requinte de adrenalina, tanto para o público quanto —e principalmente— para o elenco. É o que diz Murilo Rosa, que em dado momento atravessa o palco numa corda-bamba sem apoios.

“Foi uma loucura completa. No circo, esse tipo de número tem seus especialistas, que se dedicam àquilo por anos. Para aprender, tivemos a ajuda de artistas de circo que foram integrados ao elenco. Ainda assim foi muito difícil e arriscado”, diz o ator.

As dificuldades para o elenco, no entanto, vão além das acrobacias. Segundo Giulia Nadruz, que interpreta Jenny Lind, uma cantora lírica sueca integrada por Barnum em sua trupe, aprender a língua materna da personagem foi especialmente desafiador. Sem jamais ter tido contato com a língua antes, a atriz canta metade de um solo em sueco.

“Eu fui atrás de aulas particulares para entender exatamente como era a pronúncia correta das palavras. Como na peça a personagem aprende português, eu faço um degradê, com um sotaque mais forte nas primeiras cenas, suavizando aos poucos.”

Charity, a mulher de Barnum que vê o marido se envolver com Lind, ganha vida no corpo de Kiara Sasso. Ela ressalta como os ensaios foram prejudicados pelos cuidados impostos pela pandemia, numa rotina que incluía a realização de testes duas vezes por semana.

“Foi um grande desafio ensaiar com a máscara. Não só por não conseguirmos nos escutar tão bem, mas também por não poder ver as expressões das pessoas. Está sendo um bálsamo poder vir fazer a cena sem máscara”, ela afirma, sem deixar de criticar o negacionismo. “É muito chocante a quantidade de pessoas que nós perdemos e que ainda existem pessoas negando o que está acontecendo.”

Em contraponto à atmosfera mórbida que a pandemia impôs à realidade brasileira, Barchilon, o diretor, aposta num tom otimista. Ele destaca que cores vibrantes como o vermelho e o amarelo predominam na encenação, a fim de agregar vitalidade ao ambiente. “Acho que o brasileiro precisa disso agora. A gente precisa de arte, cultura, vida. Meu propósito como diretor é poder trazer um espetáculo com alegria”, ele diz, imaginando que o público sairá do teatro maravilhado e, de preferência, respirando fundo.

Barnum: O Rei do Show

  • Quando De 1/10 a 28/11. Sex.: 20h30. Sáb.: 17h e 20h30. Dom.: 16h e 19h30
  • Onde Teatro OPUS - Av. das Nações Unidas, 4777 (shopping Villa Lobos)
  • Preço De R$ 25,00 até R$ 200,00
  • Classificação Livre
  • Elenco Murilo Rosa, Kiara Sasso, Giulia Nadruz, Diva Menner
  • Direção Gustavo Barchilon
  • Duração 100 min.
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