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'A Última Nota', com Patrick Stewart, é um filme sensível e musical

Ator conhecido por atuar em 'Star Trek' faz papel de pianista que tenta reencontrar a música, o amor e a capacidade de sentir

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Renato Terra

Roteirista do Conversa com Bial e diretor dos documentários 'Narciso em Férias', 'Eu Sou Carlos Imperial' e 'Uma Noite em 67'. Trabalhou na revista piauí até 2016 e foi o ghost-writer do 'Diário da Dilma'

A Última Nota

  • Onde Disponível na Netflix
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Patrick Stewart, Katie Holmes, Giancarlo Esposito
  • Produção Canada, 2019
  • Direção Claude Lalonde

Ainda nos dez primeiros minutos de "A Última Nota", a jornalista Helen Morrison (Katie Holmes) bate na porta do quarto do grande pianista Henry Cole (Patrick Stewart). "Me desculpe, você não me conhece. Mas você mudou minha vida há 15 anos. Você estava dando uma masterclass na Juilliard, e eu tinha sido eliminada de uma pequena competição. Não tinha aquele talento básico de não tremer inteira. Que pena. ‘O que mais importa é a experiência, não a performance’, você disse. ‘O maior dom, o que realmente destaca alguém, é a capacidade de sentir’", diz Morrison. Ao ouvir essas palavras, o pianista abre a porta e permite que a jornalista entre.

Henry Cole passou a vida inteira lapidando, exercitando seu dom musical e conseguiu transformá-lo em algo maior. Depois da morte de sua mulher, ele se recolheu em silêncio. Algo se perdeu. "A Última Nota" é sobre essa delicada tentativa de reencontro de Cole com a música, com o amor, com sua capacidade de sentir.

O diretor Claude Lalonde transporta essa atmosfera para o filme. Cole tem lapsos de memória em cima do palco, erra as teclas do piano: não consegue se conectar com sua arte. Ao longo da trama, o diretor usa as músicas, cenários, silêncios e diálogos para provocar uma experiência. É como se convidasse o espectador a compartilhar do processo de reconexão do personagem principal com sua sensibilidade.

Ao descrever a morte de sua mulher, por exemplo, Cole diz: "Eu nunca senti nada tão frio. É assim que as pessoas morrem. Enquanto alguém está comendo ou abrindo uma janela. Ou enquanto seu companheiro está sonhando ao seu lado. Uma coisa você pode dizer sobre os compositores mortos: eles não vão desaparecer repentinamente".

A conexão com a música, portanto, é fundamental para calibrar sua relação com o tempo, com os hábitos mais pedestres e com as sensações mais sofisticadas. A jornalista Helen Morrison consegue entrar na sua intimidade por compartilhar a mesma busca.

Famoso por papéis superlativos no cinema, como o capitão Picard de "Star Trek" ou o Professor Xavier em "X-Men", o ator Patrick Stewart disse à Folha que foi seduzido pela delicadeza do personagem: "Interpretei super-heróis e homens muito, muito maus, e este não era nenhum dos casos", disse para a repórter Clara Balbi.

De fato, "A Última Nota" não tem extremos e foge dos maniqueísmos. E esse talvez seja um de seus maiores trunfos. Afinal, como ensina o pianista Henry Cole, "o que mais importa é a experiência, não a performance".

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