Jonathas de Andrade vai representar o Brasil na Bienal de Veneza de 2022

Escolhido pelo curador da Bienal de São Paulo, alagoano trabalha em instalação inédita para mostra

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São Paulo

O artista alagoano Jonathas de Andrade, 39, vai representar o Brasil na Bienal de Veneza 2022, que acontece entre abril e novembro do ano que vem.

Conhecido por obras como a videoinstalação "O Peixe", que esteve na Bienal de São Paulo de cinco anos atrás, e pelo painel de cartazes "Educação para Adultos", Andrade foi escolhido por Jacopo Crivelli Visconti, curador da participação nacional na tradicional mostra italiana e também curador geral da última Bienal de São Paulo, recém-encerrada.

O anúncio do nome que será a cara do Brasil na mais antiga mostra de arte do mundo foi feito nesta quarta, pela Fundação Bienal de São Paulo. A nova edição da mostra em Veneza, adiada de 2020 para o ano que vem, tem organização da italiana Cecilia Alemani e foi batizada "The Milk of Dreams", ou o leite dos sonhos, remetendo a um livro da escritora e artista surrealista britânica Leonora Carrington, morta há dez anos.

Para conversar com essa ideia de imaginário, Andrade está concebendo uma instalação inédita, comissionada para a ocasião. "A ideia de representar o Brasil, hoje, seja onde for, é antes de tudo um desafio pela responsabilidade diante do quadro de complexidades cruciais que o país enfrenta", ele diz, em nota. "Que a arte consiga traduzir o embaraço que é viver nos nossos tempos e que inspire sonhos que permitam desatar esses nós."

Andrade se consolidou na última década como um dos nomes mais conhecidos de sua geração em trabalhos que retratam e reimaginam a falha de projetos grandiosos e de determinadas estéticas do país, como em "Educação para Adultos", em que reúne e atualiza a dimensão política e estética de 60 cartazes usados nos anos 1960 por Paulo Freire para a alfabetização de adultos.

Um de seus projetos mais emblemáticos é o conjunto de trabalhos que Andrade reúne no "Museu do Homem do Nordeste", concebido como contraponto ao museu antropológico criado em 1979 por Gilberto Freyre, no Recife.

Enquanto o museu original revisa a história colonial e a identidade da região a partir de uma reunião de artefatos e objetos históricos, Andrade desloca seu olhar para as pessoas, deixando transparecer a maneira como as relações de poder e de classe carregam os rastros da história.

As participações brasileiras nas bienais de arte e arquitetura de Veneza ocorrem no pavilhão brasileiro, construído em 1964 nos Giardini, os jardins da Bienal de Veneza, a partir de um projeto de Henrique Mindlin e mantido pelo Ministério das Relações Exteriores.

Andrade já teve mostras individuais em museus de Chicago, Nova York, Toronto, Cidade do México e Rio de Janeiro. Suas obras também já integraram a Bienal de Istambul e coletivas no MoMA e no Guggenheim, em Nova York.

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