Saiba quem é o podcaster Joe Rogan, pivô da polêmica entre o Spotify e Neil Young

Apresentador do programa mais ouvido da plataforma em 2021 tem histórico de falas consideradas racistas e transfóbicas

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São Paulo

Comentarista de UFC, humorista, podcaster e com um longo histórico de falas consideradas preconceituosas. Este é Joe Rogan, que acumula fãs e críticos, e comanda aquele que foi o programa de entrevista mais ouvidos do Spotify no ano passado.

A parceria milionária entre a plataforma de streaming e o apresentador, aliás —segundo o Wall Street Journal, a empresa pagou mais de US$ 100 milhões pela exclusividade do podcast—, foi pivô dos pedidos dos músicos Neil Young e Joni Mitchell para que suas músicas fossem retiradas do serviço.

Joe Rogan em cena de seu show na Netflix "Joe Rogan: Triggered."
Joe Rogan em cena de seu show na Netflix 'Joe Rogan: Triggered' - Miikka Skaffari/Netflix

Em janeiro, um grupo de cientistas e profissionais de saúde denunciou ao serviço um episódio do programa por apresentar dados falsos sobre a vacinação e a Covid-19. Nele, Rogan realiza uma entrevista de três horas com o imunologista americano Robert Malone, que traça paralelos entre a Alemanha nazista e os Estados Unidos atuais e afirma que a sociedade está sendo "hipnotizada" para acreditar nos imunizantes e nas medidas sanitárias para combater a pandemia. O vídeo da mesma entrevista foi derrubado pelo YouTube.

​Rogan acumula uma estimativa de 11 milhões de ouvintes por episódio, além de mais de 14 milhões de seguidores no Instagram e 8 milhões no Twitter. Ele diz odiar o politicamente correto e as políticas identitárias em geral, mas tem alguns posicionamentos à esquerda —ele endossou a candidatura de Bernie Sanders, senador do Partido Democrata americano visto como radical, por exemplo. E esta não é a primeira vez em que se envolve em uma polêmica.

Ele já foi criticado por comparar um bairro negro americano com o filme "Planeta dos Macacos" e tem o costume de falar palavras consideradas racistas por afroamericanos durante suas entrevistas. Fez uma série de comentários considerados transfóbicos, por exemplo ao questionar o motivo da transição de gênero da socialite americana Caitlyn Jenner e chamar a artista Fallon Fox, uma mulher trans, de homem. E entrevistou o líder de um grupo supremacista branco, Proud Boys, que defendeu no programa que muçulmanos não deveriam se misturar com o Ocidente —o episódio em questão foi removido pelo Spotify sem alarde, segundo a revista Variety.

Ao comentar a polêmica do Spotify, Rogan defendeu continuar recebendo convidados com "pontos de vista controversos", nas palavras dele. Mas disse estar aberto para balancear essas perspectivas. "Não quero mostrar só a opinião contrária à narrativa corrente. Quero mostrar todas as opiniões, para que possamos entender o que está acontecendo. E não só sobre a Covid, mas tudo", afirmou em um vídeo publicado no seu Instagram neste domingo (30).

No mesmo dia, o Spotify anunciou que todos os podcasts que mencionarem a Covid incluirão links com informações factuais, cientificamente comprovadas, sobre a pandemia.

Antes de Joseph James Rogan, de 54 anos, se aventurar nos microfones do podcast, ainda nos anos de 1990 ele ocupou palcos nos Estados Unidos apresentando shows de comédia e de stand-up. Faixa preta em mais de uma modalidade de luta, foi comentarista de lutas do UFC.

No fim de 2009, ao lado do comediante Brian Redban, Rogan lançou o primeiro episódio de "The Joe Rogan Experience". Nele, apenas batia um papo com o amigo humorista. Após Redban, grandes nomes da cultura americana foram entrevistados por Rogan, como o empresário e multimilionário Elon Musk, o cineasta Quentin Tarantino e a cantora Demi Lovato.

A parceria com o Spotify começou em 2020, quando Rogan assinou um contrato de exclusividade com a plataforma.

A Netflix é outra plataforma de streaming que tem o apresentador em seu catálogo. Lá estão os shows de stand-up "Joe Rogan: Triggered" e "Joe Rogan: Strange Times", ambos de 2018.

O sucesso do podcast de Rogan —que tem um estilo mais despretensioso, meio de bate-papo, meio de entrevista, e sem limites de tempo— influenciou o surgimento de outros programas semelhantes pelo mundo. No Brasil, por exemplo, o "Flow Podcast" e o "PodPah" são famosos por seguir esse mesmo modelo e têm aparecido constantemente entre os mais ouvidos do país.

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