Lulu Santos critica TSE no Lollapalooza e diz que 'cala a boca já morreu'

Cantor subiu ao palco em show da banda Fresno, que teve projeção e gritos de 'fora, Bolsonaro'

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São Paulo

Lulu Santos, convidado a subir ao palco com a banda Fresno no Lollapalooza, disse que "cala a boca já morreu" e pediu o fim da censura neste domingo. As declarações foram referência à decisão liminar do TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, que vetaram manifestações partidárias no evento.

O Fresno, atração principal do show, ainda exibiu uma mensagem de "fora, Bolsonaro" no telão e repetiu a frase no show.

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A banda Fresno projeta a frase 'Fora Bolsonaro' no telão do palco de seu show no Lollapalooza, no autódromo de Interlagos, em São Paulo, neste domingo (27) - Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Ag. O Globo

Convidado pelo Fresno para subir ao palco, Lulu Santos cantou com a banda a música "Já Faz Tanto Tempo", parceria entre os artistas. Logo depois de se apresentar à plateia do Lolla, ele também fez um comentário sobre a decisão do TSE a respeito de comentários políticos no festival. "Como diz a Carmen Lucia, 'cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu'. Lulu ainda cantou "Toda Forma de Amor", sucesso do cantor.

Lulu terminou o show com "censura nunca mais" e Lucas Silveira pediu para que o público tirasse o título de eleitor. O público puxou um coro de "fora, Bolsonaro" no fim

O ministro Raul Araújo, do TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, classificou como propaganda eleitoral as manifestações políticas das cantoras Pabllo Vittar e Marina no Lollapalooza e determinou multa de R$ 50 mil para a organização do festival se houver outras.

O atual presidente, Jair Bolsonaro, do PL, foi o principal alvo dos protestos nos dois primeiros dias do festival. Na sexta, a cantora Pabllo Vittar desceu para a plateia e pegou uma bandeira vermelha com o rosto do ex-presidente Lula antes de deixar o palco. Já Marina —antes à frente da banda Marina and The Diamonds— xingou Bolsonaro e o mandatário russo Vladimir Putin.

​Após a repercussão da liminar, artistas como Anitta se manifestaram publicamente a respeito da decisão. "50 mil? Poxa... menos uma bolsa. FORA BOLSONAROOOOO. Essa lei vale fora do país? Pq meus festivais são só internacionais", escreveu a cantora em seu perfil numa rede social.

Mais tarde a cantora voltou a abordar o assunto em outra rede social. "Não existe isso de proibir um artista de se expressar publicamente a infelicidade dele diante do governo", disse. "Cada um vota em quem quer. Porém, proibir a gente de expressar a nossa insatisfação com o governo é censura [...]. E eu vou lutar com todas as minhas armas."

Vale dizer que, apesar do que dão a entender a postagem e o comentário de Anitta, a multa é imposta à organização do festival, e não aos artistas que se posicionarem politicamente. Em seu perfil no Instagram, Anitta disse que pagaria a multa de quem quisesse se manifestar.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Lollapalooza às 9h30 deste domingo. O festival ainda não se posicionou ante a decisão do TSE.

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, estuda recorrer ao TSE contra a decisão.

Juristas ouvidos pela reportagem consideram que a decisão do TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, de vetar novos atos políticos contra ou a favor de candidatos ou partidos políticos no Lollapalooza confunde propaganda eleitoral com liberdade de expressão.

Segundo Fernando Neisser, presidente da Comissão de Direito Político e Eleitoral do Iasp, o Instituto dos Advogados de São Paulo, a decisão faz uma leitura equivocada da lei, reformada recentemente para dar mais liberdade ao debate público.

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