Descrição de chapéu Virada Cultural

'Fora, Bolsonaro' e shows de Gloria Groove e Criolo marcam 1º dia da Virada Cultural

Apresentações tiveram críticas ao presidente e protesto contra feminicídio no país

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São Paulo

O primeiro dia de Virada Cultural em São Paulo, neste sábado, teve como destaques protestos contra o presidente Jair Bolsonaro, do PL, e os shows de Margareth Menezes, Gloria Groove e Criolo.

A acirrada disputa eleitoral que se desenha entre Bolsonaro e Lula, do PT, esquentou vários dos shows do evento. As ações negacionistas do Planalto em relação à pandemia e vacinação também receberam críticas de cantores e do público.

Na Praça das Artes, na região central da cidade, o rapper Don L disse que esta seria a "Virada da Vacina". Ao fim da música "Éldwood", o rapper pediu que o público fizesse um "L" com a mão, em referência ao seu nome, mas gesto que também pode ser entendido como menção a Lula, e depois declarou "com certeza, se não tivéssemos um presidente genocida, muito mais pessoas estariam aqui com a gente".

O cantor Criolo se apresenta no palco da Parada Inglesa, na zona norte, na Virada Cultural - Folhapress

Outros temas também vieram à tona ao longo da noite. A violência contra a mulher, por exemplo, foi citada por Margareth Menezes e Sidney Magal.

"Não é comum numa sociedade se matar tantas mulheres como no nosso país", disse a cantora. "E não é pobreza. Tem lugares que têm pobreza, mas o povo não fica se matando como no Brasil. Precisamos resolver essa questão. Não é só questão de política, mas de comportamento social também. Vamos respeitar o outro. Não dá para não mudar."

Menezes fez um dos melhores shows deste sábado, transformando o palco Viaduto do Chá, o principal da Virada Cultural no centro de São Paulo, num Carnaval.

Algumas brigas pipocaram nas regiões próximas ao palco, e houve arrastões e roubos de celulares. Mas, apesar do foco de confusão, o clima geral do show foi tranquilo.

Ela tocou sucessos como "Faraó", "Me Abraça e Me Beija", "Frevo Mulher" e fez o público pular ao som de "Dandalunda", composição de Carlinhos Brown que é um dos clássicos de seu repertório.

Quando indicou que ia encerrar o show, o público, em pura folia, gritava "mais um".

Já no palco de Itaquera, na zona leste, Gloria Groove misturou o funk que a alçou ao estrelato ao rock, uma fusão que ela conheceu por ali mesmo, nas ruas da Vila Formosa, onde cresceu e vive até hoje.

O ápice da apresentação se deu com "Vermelho", produzida a partir de um refrão de "Mina de Vermelho", do MC Daleste, morto em 2013 a tiros.

Gloria Groove, ou GG, como a cantora drag queen é conhecida pelo público, também tocou seus primeiros sucessos, caso de "Bumbum de Ouro". A canção, de 2017, deu início ao seu processo de furar a bolha LGBTQIA+ para ganhar todos os pilares da cultura pop, inclusive a televisão aberta, em que a cantora venceu o "Show dos Famosos" em dezembro.

Nem todos do público, contudo, conseguiram ver e o ouvir toda a apresnetação. O som baixo só era escutado completamente pelos que estavam nos primeiros 50 metros à frente do palco, o que correspondia a menos de um terço da plateia.

Gloria Groove em show no Breve Festival, na Esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Gloria Groove em show no Breve Festival, na Esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte - Bruno Santos - 9.abr.2022/Divulgação

E o terreno íngreme da praça Brasil, onde o palco foi instalado, criou hordas com centenas de pessoas, uma atrapalhando a visão da outra. Algumas subiam no ombro do amigo para ver, outras escalavam as árvores e houve até quem desistisse de assistir ao show.

Fechando a noite no palco Parada Inglesa, na zona norte, Criolo começou o show com quase uma hora de atraso, período em que o públicou lançou gritos contra Bolsonaro.

Uma multidão aguardava o cantor, que iniciou a apresentação com "Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais", ao lado de DJ DanDan, com quem cantou junto a maioria das canções.

Logo no início do show, Criolo engatou uma manifestação política, numa fala recheada de sacarsmo e contrária à própria organização da Virada. "Se você puder entrar no Instagram do padre [Júlio] Lancellotti, vai ser tão interessante", disse, em referência às acusações do religioso contra a prefeitura paulistana.

Segundo Lancellotti, o órgão ofereceu uma marmita e R$ 60 para moradores em situação de rua trabalharem por 12 horas na montagem dos palcos do evento. Criolo repetiu a fala e pediu que a intérprete de Libras de seu show enfatizasse bem o recado. A prefeitura nega irregularidades.

A atmosfera política também esteve presente entre o público, que mais de uma vez fez gritos em coro de "ei, Bolsonaro, vai tomar no cu" e "olê, olê, olá, Lula, Lula".

Lançado no início do mês, "Sobre Viver", disco que marca o retorno de Criolo ao rap —após anos na cena MPB—, compôs a setlist, com canções como "Diário do Kaos", "Aprendendo a Sobreviver", "Moleques São Meninos, Crianças São Também" e "Quem Planta Amor Aqui Vai Morrer".

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