Lula é meu fã, diz Sérgio Reis, para quem Bolsonaro vencerá no primeiro turno

'Só [não ganha] se roubarem', afirma cantor sertanejo sobre reeleição do atual presidente

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Gustavo Alonso
Recife

Sérgio Reis divide o mundo entre amigos e inimigos, e jura que possui mais dos primeiros. De quase todo mundo, consegue tirar algo de bom. Até de Lula. Reis garante que o ex-presidente é uma boa pessoa e seu fã: "Se você quiser saber o que eu gravei, o Lula tem".

Reis garante que é amigo não apenas de Lula, mas também do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que acaba de desistir da corrida presidencial. "É amigo da gente, já estive no programa [de TV] do Doria, [que foi] muito educado comigo. Agora é que ele viu que ele perdeu toda a força". Segundo o cantor, Doria e Moro não são candidatos viáveis. "O cara que trai não vale nada", justifica.

O cantor sertanejo Sérgio Reis durante entrevista sobre o show "Amizade Sincera" apresentado ao lado do cantor e compositor Renato Teixeira - Fábio H. Mendes/Folhapress

Outro amigo importante da trajetória de Serjão, como é conhecido entre os amigos, é Benedito Ruy Barbosa, autor da novela "Pantanal", cuja nova versão é atualmente exibida na Globo. Foi na fazenda pantaneira de Reis, a Pouso da Garça, que Barbosa idealizou a novela. A primeira versão na TV Manchete teve participação intensa do caipira no papel de Tibério, além de trilha sonora cantada por ele.

Alguns artistas que participaram daquela primeira versão foram convocados agora. Foi o caso de dois de seus amigos do peito, Almir Sater, com quem fez duas novelas, e Renato Teixeira, com quem lançou dois discos chamados "Amizade Sincera", em 2010 e 2015. Já Reis foi solenemente ignorado pela emissora carioca. E, segundo ele, os amigos nem tentaram pressioná-lo a participar: "Eu nem iria! Eu não quero me aliar a Globo, não vou ajudar a Globo em nada".

Dentre os parceiros, ainda cita o ministro Luis Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal —"ele canta comigo quando eu vou lá em Brasília"—, ainda que em agosto do ano passado tenha parado nas manchetes pelo vazamento de áudios em que convoca uma manifestação com caminhoneiros contra a instituição que bolsonaristas não cansam de atacar.

"Se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras [ministros do STF], nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra", disse ele na época, em conversa com um amigo. Hoje, retifica. "Imagina se eu ia falar para entrar lá e quebrar tudo? Se [os caminhoneiros] quiserem tirar, só quebrando, por que se não, não sai. Mas não é para ir lá fazer! Quem quiser fazer, que faça", afirma, lembrando que teve seu celular apreendido e teve a casa revistada pela Polícia Federal.

Outro Sérgio, o Buarque de Holanda, escreveu em 1936, no clássico "Raízes do Brasil", que o brasileiro é um homem cordial. Por cordial ele entendia aquele sujeito que tende a levar tudo para o lado afetivo, e julgar o mundo através dos laços de amizade e compadrio, ignorando normas institucionais e a racionalidade formal. Para Sérgio Buarque de Holanda, ser cordial é amar os amigos e repudiar os inimigos com igual força. Se este Sérgio, o de Holanda, estava certo, Serjão é um dos representantes mais exemplares desse tipo ideal brasileiro.

Da mesma forma que diz amar os próximos, Reis repudia com veemência os divergentes, quase sempre beirando a ilegalidade. Sem papas na língua, ele critica Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Doria, Moro, Lula e, sobretudo, a Globo. "Sou Bolsonaro", garante Serjão, que vaticina: "Ele ganha no primeiro turno. Não tem como! Só [não ganha] se roubarem".

Você se sentiu esnobado pela Globo por não ser chamado para fazer o remake da novela Pantanal? Não, não... E nem iria! Não quero me aliar a Globo, não vou ajudar a Globo em nada. Eu sei que eu dou bom Ibope.

Está assistindo à novela? Estou sim. Mas mudaram muito a história. O Tibério, que é por sinal um bom ator, bigodudo, bom para cacete [refere-se a Guito, ator revelação da novela] Eu o vi conversando com José Leôncio sentado na mesa. Isso nunca teve, nunca sentei para conversar com ele. Mudaram a história da Muda… Mas lógico, tem que mudar, fazer a coisa melhor. A filha do Renato Teixeira [Isabel Teixeira, que interpreta Maria Bruaca] dá um show. Uma atriz fantástica!

Você tem amigos que estão fazendo a novela. Por exemplo, Renato Teixeira, com quem você gravou o disco "Amizade Sincera". Tem também o Chico Teixeira, o Gabriel e o Almir Sater. Eles pediram para você fazer parte do elenco? Insistiram com você? Não, não...nem cogitaram [risos]. Eu sou Bolsonaro. Quem é Bolsonaro eles não põem. Entendeu? Aí eu não vou. Não vai acrescentar nada à minha vida. Adoro o Serginho Groissman, mas se ele me pedir, eu não vou. Não quero fazer nada com a Globo.

Houve uma homenagem a você numa fala do personagem José Lucas de Nada, interpretado por Irandhir Santos, no dia 14 de maio. Ele ouvia "Cavalo Preto" e disse: "êta modão bom, Serjão!" Esse pessoal é amigo. Mas a Globo não vai me pôr nunca. Nem sonhando. Não sei por quê. Eu vejo Jornal Nacional e comparo com o Jornal da Band, dá de dez a zero, é um jornal mais limpo. Ô Globo, acorda! Pelo amor de Deus! Vocês perderam! Sabe quando o cara te ataca e fala 'perdeu, perdeu'? É assim, Globo, perdeu, perdeu! Bolsonaro quer que a Globo pague a dívida dela, e é justo. [Em novembro do ano passado a dívida da Globo com a União era de R$ 330 milhões, mas desses apenas R$ 1 milhão está em situação irregular, segundo levantamento do protal Poder 360 com dados do Ministério da Economia. Isso quer dizer que a maior parte do montante está com créditos já garantidos, ou suspensos por decisão judicial e/ou parcelados.]

A Globo era contra as esquerdas nos anos 1960 e 1970. Hoje a Globo é de esquerda? O que mudou? Mas naquela época era o senhor Roberto Marinho! Era outra história! Esse homem era muito sério. Tive a honra de conviver com ele, em Angra dos Reis, em leilões de cavalo... Ele era fantástico, delicadeza, educação, finesse.

A novela 'Pantanal' foi concebida em uma de suas fazendas? O Benedito Ruy Barbosa tinha feito umas novelas, estava cansado, e eu o convidei para a minha fazenda, a Pouso da Garça. Quando ele pisou lá, pensou: "vou fazer uma novela e vou tomar conta do mundo". Chamava-se "Amor Pantaneiro", mas a Globo vetou. Ele saiu da Globo e foi para a Manchete com o [diretor] Jayme Monjardim. Foi quando mataram o Chico Mendes, e o Jayme percebeu que precisava fazer uma novela rural. Aí ele fez 'Pantanal'. E está aí o resultado.

Curioso o assassinato de Chico Mendes servir de inspiração para 'Pantanal'. O Chico Mendes na época era filiado ao PT. Eu não sei se ele era, mas mataram aquele cara, não pode! Porque se o cara é filiado ao PT mas luta pelo pobre lá de Rondônia [na realidade, Acre], merece respeito. Não interessa o partido dele, interessa qual é o objetivo social dele. E era digno.

Você já votou no Lula ou no PT? Não, nunca. E ele sabe disso. Jogo limpo.

Hoje você é pró-Bolsonaro, mas você já apoiou Lula e Dilma. O Lula é meu fã, tem todos os meus discos. Se você quiser saber o que eu gravei, o Lula tem. Sempre fui amigo do Lula.

Você tem amigos na esquerda? A Jandira Feghali é uma médica fenomenal, e é do PCdoB, não importa! Outra deputada, que é também da esquerda, do PT, é a Benedita da Silva. Aquela mulher é um trator trabalhando, uma pessoa maravilhosa! Eu beijava o cabelo da Erundina, é bonitinha, está velhinha! O Orlando Silva, por exemplo, vejo ele fazendo campanha política agora, era um cavalheiro, um gentleman. Tem que dar valor a essa gente! Independente se é contra ou a favor do Bolsonaro. É disso que o Brasil precisa. Esse ranço eu não tenho. Jamais vou destratar ninguém! Política é isso! Se o Lula fizer alguma coisa errada, não sou eu que vou julgar. Quem sou eu? Eu o julgo na urna. Não quero mais ele presidente, porque não fez coisa boa! Mas eu não tenho nada contra a pessoa dele, de forma nenhuma.

Mas num segundo turno Lula e Bolsonaro, você continua com Bolsonaro? Eu sou Bolsonaro! Aonde eu vou todo mundo diz: 'Serjão, é Bolsonaro, hein, pelo amor de Deus!’ Eu sou amigo do Bolsonaro porque era deputado com ele. Ele é palmeirense como eu, a gente assistia a jogo junto. Acompanho o trabalho dele, torço para ele.

O cantor sertanejo Sergio Reis, à esquerda, e o presidente do Brasil Jair Bolsonaro - Folhapress

E se o Bolsonaro não for para o segundo turno? Ele ganha no primeiro. Não tem como! De cara. Só [não ganha] se roubarem. Eu ando o Brasil, não adianta. Lula foi para Santa Catarina hoje, é capaz de não deixarem ele entrar lá. Ele esteve em Passo Fundo (RS), não deixaram [em março de 2018, Lula desistiu de fazer um ato na cidade porque manifestantes bolsonaristas tinham bloqueado a estrada].

Se Sergio Moro tivesse mantido a candidatura, você votaria nele? Não, não! O cara que trai não vale nada. Pode ser ministro, pode ser juiz, traiu, danou. Doria traiu. Conheço eles, são amigos da gente, já estive no programa [de TV] do Doria, muito educado comigo, mas eu não aceito.

As pesquisas apontam Lula na frente. Deixa quieto... você é da Folha, você é jornalista! Eu não acredito em pesquisa! Nunca ninguém perguntou para mim! Que pesquisa é essa? Eu tenho 82 anos, nunca me perguntaram! Pesquisa de 2.000 e tantas pessoas. Isso é pesquisa? Numa pesquisa com um milhão de pessoas consultadas, eu acredito. Nós temos 200 milhões de pessoas no país! Agora, uma pesquisa com 2.000 pessoas? Sai fora, né, jornalista! [Pesquisas eleitorais como as do Datafolha aplicam conceitos e técnicas baseados na Teoria da Amostragem. As amostras são representativas da população estudada —neste caso o eleitorado brasileiro com 16 anos ou mais— e selecionadas através de critérios estatísticos, tendo como base fontes oficiais, como IBGE e TSE. O desenho da amostra é obtido a partir de diversos estágios, e a eficácia da metodologia utilizada é comprovada pelo histórico de desempenho do instituto.]

Alguns analistas dizem que há risco de Bolsonaro dar um golpe no segundo mandato. Você acha que existe essa possibilidade? Imagina se o nosso Exército quer golpe! Nunca teve golpe! Sabe qual o golpe que teve naquela época [década de 1960], por que teve? Porque Brizola tinha uns caras que queriam impor o comunismo dentro do Brasil. E o Exército não deixou! E aqueles que eram comunistas saíram, e acabou, morreram. Olha, Caetano, Gil, Chico Buarque... eles são contra? Então vão embora! Até hoje são de esquerda, todos eles! Mas não foram morar em Cuba. Foram morar em Londres, caraca! Até eu vou! Sou amigo de todos eles, respeito, gravo música deles, não tem frescura não. Não misturo as coisas. O que eu não posso é ver o artista falar bobagem na televisão. Aí vem a Ivete Sangalo, uma baita artista, dizer 'Bolsonaro, vai tomar no...'? Não pode fazer isso num show com 30 mil pessoas. Isso é desrespeito à bandeira do Brasil. E um desrespeito àqueles que puseram ele lá. Ela é louca, só louco fala isso! [Na ocasião, no final de dezembro de 2021, um vídeo mostrou o momento, mas não foi a artista quem fez o xingamento. Na gravação é possível ouvir a plateia gritar "ei Bolsonaro, vai tomar no cu". Quando Ivete escuta o xingamento, provocou: "Não ouvi. Tá baixinho". Em seguida, a cantora começa a dançar enquanto as pessoas gritavam mais alto. "[Ele] vai acabar escutando de tão alto que foi".]

Eu a admiro como artista; já o voto dela é outra coisa. Não acho elegante, educado isso. Um artista nacional tem que respeitar o público dele. A Ivete Sangalo é da esquerda, é contra o Bolsonaro. Mas muita gente que ama Ivete Sangalo também é pró-Bolsonaro. E ela esquece disso. Tanto ela quanto todos os artistas que são de esquerda.

O que aconteceu depois da repercussão de suas declarações pedindo o fechamento do STF em setembro do ano passado? Eu não fui para brigar com o Supremo Tribunal Federal. Fui lá para levar os índios Kayapó. Eu mexo com índio há 30, 40 anos e levei quatro etnias para conversarem com Bolsonaro. Porque a gente está tirando as ONGs de lá. Criei uma cooperativa Kayapó e tiramos 200 ONGs lá de dentro. Aí me apareceu uma comissão dos caminhoneiros da soja [que queriam fechar o STF] e no final das contas eu disse: "Se vocês querem tirar o Supremo, só se entrar lá e dar porrada neles, porque se não, não sai". Foi o que eu falei. Aí apreenderam meu celular, estou preso, não posso chegar perto deles, não posso chegar perto do [ministro] Alexandre de Moraes. Veio a Polícia Federal na minha casa, revistaram tudo, levaram meu celular! Eu sou amigo do [Luis Roberto] Barroso [, ministro do STF]. Ele canta comigo quando eu vou lá em Brasília. Imagina se eu ia falar para entrar lá e quebrar tudo? Se vocês quiserem tirar, só quebrando, por que se não, não sai. Mas não é para ir lá fazer! Quem quiser fazer, que faça. O Exército não faz, quem sou eu para falar?

Se o Lula ganhar, o que vai acontecer? Nós vamos ter que nos mudar daqui porque vai [o Brasil] virar uma Argentina. A Argentina acabou. Uma pena. Uma tristeza, a Argentina! Todos os empresários quebrados. Tenho um amigo argentino que mora no Brasil há 30 anos, não vai mais lá! Tem gente esperando o restaurante fechar para pegar o osso da comida que jogam no lixo. Isso é real! Se você quer isso para o Brasil, vote no Lula. Eles são de esquerda, eles querem que isso aqui vire a Venezuela ou Cuba. Como é que esse povo vive lá, eles estão bem? Não. Onde entra o comunismo, a esquerda, acaba.

Você pensa em se candidatar novamente? Os caminhoneiros queriam que eu fosse senador por Minas Gerais. Eu ganhava estourado! Mas eu não quero, eu tenho 82 anos. Preciso cantar para o meu povo! Ser político atrapalha um pouco a gente. Você vai para lá, sabem que eu sou Bolsonaro, aí o cara que é da prefeitura do PT não me contrata, tem essas coisas. Essa rixa vai ter sempre.

Sobre essa questão de contratos com a prefeitura, semana passada aconteceu uma polêmica envolvendo o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano. Ele criticou a Anitta, que estaria fazendo uso da lei Rouanet. Saíram muitas notícias dizendo que os sertanejos ganham muito dinheiro não da lei Rouanet, mas de prefeituras. Como você vê isso? Das prefeituras, a gente ganha. Com a prefeitura é contrato, lógico. Você tem que dar o dossiê da sua empresa, dar nota fiscal, normal.

Mas é dinheiro público também. É dinheiro para o público, não é dinheiro público. Uma prefeitura precisa levar lazer para o povo da cidade. Então, meu amigo, se tem uma festa, qual é o problema de ela ter artistas? [Ainda assim, shows do gênero são pagos com verba municipal, a prefeitura decide qual cantor ou grupo quer contratar e o contrata sem licitação. A dispensa ocorre porque há apenas um fornecedor do serviço, que é o artista em questão. Embora órgãos como o Tribunal de Contas possam questionar o investimento, não há regras como um limite por cachê. Já via Rouanet o artista é quem precisa correr atrás do dinheiro. Ele tem de propor uma ideia à Secretaria Especial da Cultura, órgão do governo federal que substituiu o antigo Ministério da Cultura. Pode ser uma turnê, um álbum ou qualquer outro projeto artístico.]

Essa prática sempre foi comum desde que você começou a carreira? É lógico! Eu canto há 64 anos, e há 64 anos é isso! Aí tem uns viadinhos que ficam de "nhenhenhém"... É dinheiro do povo! O prefeito tem que levar alegria para o povo. O que é que há? O prefeito ajuda o comércio local. Uma festa gira dinheiro para o pipoqueiro, o pobre que vende algodão doce, a dona de casa que faz doce caseiro e vende na banquinha na festa.

A lei Rouanet atende os sertanejos? Você já fez uso de verba oriunda da lei Rouanet? Eu nunca peguei lei Rouanet. Nunca pedi. Não tive necessidade. E agora a lei Rouanet está bem criteriosa, você tem limites. Antes estava uma bandalheira. O cara ia fazer monólogo em teatro, pegava R$ 5, 6, 7 milhões? Para quê? É para comprar o teatro ou para fazer o cenário? É sacanagem! Aí é dinheiro do povo, entendeu? Se você faz Rouanet, não pode cobrar ingresso. É a lei. [A lei Rouanet estabelece que projetos incentivados precisam reservar no mínimo 20% dos ingressos para distribuição gratuita, não o total dos ingressos.] Mas a turma cobra. Então, malandro, quem não quer mamar nessa teta? Aí o Bolsonaro amarrou as tetas, de onde não sai mais leite, e fica todo mundo revoltado. Ele está moralizando o país, moralizando meia dúzia de vagabundos que se aproveitam da situação. Onde tem sacanagem, o Bolsonaro vai lá e moraliza.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior do texto afirmava que João Doria era governador de São Paulo. Ele saiu do cargo em março deste ano.

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