Måneskin entoa 'fora, Bolsonaro' em show sensual e político após o Rock in Rio

Grupo italiano vencedor do Eurovision se apresentou em São Paulo com som pesado para plateia de 20 e poucos anos

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São Paulo

Embora tenha ganhado projeção na Europa com a vitória na edição do ano passado do Eurovision, foi no TikTok que a banda italiana Måneskin viralizou ao redor do mundo e construiu a base de fãs jovens que lotaram o Espaço Unimed, em São Paulo, na noite desta sexta, dia 9.

A plateia estava cheia na primeira apresentação do grupo na capital paulista, após passagem pelo Rock in Rio.

Maneskin durante sua apresentação no Espaço Unimed
Maneskin durante apresentação no Espaço Unimed - Ricardo Matsukawa / Mercury Conc

Inspirada num estilo de glam rock sexy que bebe de fontes como Elton John, Prince e Bette Midler, a banda injeta em sua imagem uma certa quebra de estereótipos e faz promoção de pautas sobre aceitação.

"Não acreditamos que esse seja um assunto político, mas de direitos humanos. Você se posicionar contra a homofobia, o sexismo, o machismo e todos esses males do mundo faz com que seja uma pessoa que luta pelo que vale à pena", disse a baixista Victoria De Angelis à reportagem antes do show.

Formada ainda pelo vocalista Damiano David, pelo baterista Ethan Torchio e pelo guitarrista Thomas Raggi, a banda entrou em cena com "Zitti e Buoni", canção de seu último álbum, "Teatro d’Ira Vol. 1", e responsável por dar a vitória ao grupo no Eurovision.

A plateia, formada essencialmente por jovens que não se distanciavam muito da idade dos membros do grupo, todos na casa dos 20 aos 23 anos, estabeleceu conexão imediata com o palco e elevou a temperatura da apresentação, inspirando até um mergulho da baixista e do vocalista na multidão que se aglomerou na pista VIP.

A alta dose de erotismo, aludindo à efervescência dos hormônios juvenis, foi o único mise-en-scène adotado pelo conjunto, que apostou num palco nu, preenchido essencialmente pelo som puro do rock formado por uma cozinha de baixo e bateria, com firulas de solos de guitarra.

A interação constante com o público, que rendeu coro de "fora, Bolsonaro", prontamente adotado pelo vocalista, ilustrou o que Damiano David comentou antes do início da apresentação, quando disse acreditar numa fusão entre música e política como forma de posicionar não só a banda, mas a arte que produzem.

E acabou valorizando também o repertório autoral, já que apostou em poucos covers, entre eles faixas de The Who e The Stooges.

Da banda inglesa, pescou "My Generation", de 1965, unida em medley com a autoral "Touch Me", no momento mais oscilante da apresentação. Da banda americana, de onde emergiu Iggy Pop, os italianos trouxeram "I Wanna Be Your Dog", numa alusão direta a um de seus maiores hits, "I Wanna Be Your Slave", alocada no final do espetáculo, logo após "Mammamia", "Coraline" e "Supermodel".

Com gosto eclético capaz de abarcar desde o som metaleiro do Sepultura até o samba romântico da cantora Alcione, de quem se declararam fãs nos bastidores, o grupo chegou a assimilar algumas influências brasileiras ao emular o ritmo de uma bateria de escola de samba ao som de "Gasoline", em momento tão delicado quanto inusitado.

Repetindo o truque empregado no Rock in Rio de abrir o palco para a presença do público, a Måneskin mostrou que, mesmo assumindo um certo discurso de aceitação simplista, é capaz de produzir um rock pesado que constrói e mantém a sua fama de mau.

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