Descrição de chapéu Gal Costa

De 'Domingo' a 'Estratosférica', relembre os principais discos de Gal Costa

Morta aos 77 anos nesta quarta-feira, cantora foi a voz de mentes brilhantes e simbolizou a cultura brasileira

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São Paulo

Foi por sua própria voz que a cantora Gal Costa, morta nesta quarta-feira (9), definiu os principais movimentos de sua discografia. Sempre lembrada pelo timbre agudo, a voz de Gal ora descia à placidez bossa-novista de João Gilberto, ora explodia, num canto para fora.

gal costa sentada em pufe, de pernas esticadas
A cantora Gal Costa, morta aos 77 anos nesta quarta - Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã

Em 1967, a cantora começa sua trajetória com o álbum "Domingo", parceria com Caetano Veloso. Naquele momento, os jovens artistas ainda traziam a simplicidade interpretativa da bossa nova, em canções como "Avarandado", "Zabele" e "Coração Vagabundo", todas elas recuperadas em tempos mais recentes.

A canção "Baby", que se tornaria um dos seus maiores sucessos, apareceu dois anos depois, no disco que levava o nome da cantora. No mesmo trabalho, ela entoava outros sucessos de compositores da tropicália, como "Não Identificado", de Caetano, e "Divino Maravilhoso", de Caetano e Gilberto Gil.

Em 1971, Gal se torna um acontecimento na cultura brasileira com o disco "Fa-Tal - Gal a Todo Vapor", em que mostrou toda a potência vocal, num grito contra a repressão da ditadura militar. O álbum nasceu de uma série de apresentações da cantora no teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro, que seria lembrada por gerações de artistas brasileiros.

"Fa-Tal" se tornou um relato pungente daquele momento, com canções que não sairiam mais de seus shows, como "Pérola Negra", de Luiz Melodia.

Em um momento de efervescência na cultura brasileira, Gal centralizou em sua voz algumas das melhores cabeças pensantes de sua geração. No repertório de "Fa-Tal", constavam ainda "Mal Secreto", de Jards Macalé e Waly Salomão, e "Sua Estupidez", de Roberto Carlos.

Na mesma década, são lançados "Índia", de 1973, cuja capa sensual foi censurada pela ditadura. No disco, ouvimos, além da faixa-título, "Da Maior Importância" e "Relance". No ano seguinte, "Cantar" enfileira sucessos —"Barato Total", "A Rã", "Lua, Lua, Lua, Lua", "Flor de Maracujá" e "Lágrimas Negras".

"Água Viva", de 1978, trouxe a romântica "Folhetim", sempre lembrada pelas rádios, e "Mãe", em que o vocalise de Gal assombrava, parecendo um instrumento de sopro ou uma guitarra plangente.

Os anos 1980 seriam marcados por dois discos —"Fantasia", de 1981, com "Meu Bem, Meu Mal" e "Profana", de 1984, com a célebre composição "Vaca Profana", de Caetano Veloso.

Durante a carreira, Gal se metamorfoseou diversas vezes, mudando de estilos e abrangendo todos os gêneros. Em 2011, ela ressurgiu em ambiência eletrônica, mais uma vez entoando os poemas de Caetano, em "Recanto", que ganharia um registro ao vivo um ano depois. Já em 2016, lança "Estratosférica", seguido por "A Pele do Futuro", de 2018.

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