Em entrevista em 2019, Pelé, morto nesta quinta-feira, aos 82 anos, vítima de um câncer no cólon, rememorou sua relação com Andy Warhol, expoente da arte pop. Em novembro daquele ano, a serigrafia intitulada "Pelé", do fim dos anos 1970, havia sido vendida por US$ 855 mil, cerca de R$ 3,58 milhões, num leilão na Christie’s, de Nova York.
Em 1975, o rei do futebol passou a defender a camisa do Cosmos, dos Estados Unidos. Naquele país, ele se encontrou pela primeira vez com Warhol durante um jantar.
"Teve um jogo do Cosmos, no fim da tarde de sábado, e aí o pessoal sempre tinha um jantar. Depois do jogo, estava comigo Lucas Mendes, o jornalista, e falaram de um jantarzinho [numa boate]. Mas não achei que ia ter gente famosa junto com jogador de futebol. Aí me apresentaram. ‘Este aqui é o Andy Warhol, seu fã.’ Eu não saquei muito aquele negócio e perguntei para o Lucas ou para um jogador ‘quem é esse Andy Warhol? Boa gente, mas o que ele faz?’. O cara era conhecido para caramba! Me disseram ‘Pelé, o cara é mais conhecido aqui nos Estados Unidos do que o presidente Nixon’".
Em março de 1977, o colecionador Richard Weisman encomendou a Warhol uma série de dez retratos de esportistas. Entre eles, Pelé. Quatro meses depois, os dois se encontraram na sede da Warner Communications, a controladora do Cosmos, para a primeira sessão de fotos.
Em 6 de janeiro de 1978, na galeria Coe Kerr, Warhol e Pelé assinariam juntos o verso das serigrafias; ali, o artista seria convidado a viajar para o Rio de Janeiro como hóspede do brasileiro. A viagem não aconteceu, mas, assíduos em casas noturnas, eles voltariam a conversar outras vezes no Studio 54 e no Club A.
"Você é a única celebridade que, em vez de durar 15 minutos, durará 15 séculos", disse Warhol a Pelé.
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