Conheça a nova Pinacoteca, que abre em março com obras de grande dimensão

Reforma mantém os traços modernistas de uma antiga escola pública, valorizando espaço aberto e o contato com o público

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São Paulo

Duas colunas sustentam a marquise, que se projeta diante da avenida Tiradentes, no bairro paulistano do Bom Retiro. A entrada da Pinacoteca Contemporânea, terceira sede da instituição, com data de abertura marcada para 4 de março, pouco mudou desde os anos 1950, década dourada da arquitetura brasileira.

Imagem aérea da Pina Contemporânea, que abre em 25 de janeiro - Divulgação

Todo traço modernista está ali —a assepsia do caixote branco e a graça dos cobogós, que adornam a fachada principal, recebendo cada um dos visitantes. Não por acaso, o edifício foi erguido, aproveitando a estrutura da Escola Estadual Prudente de Moraes, antigo projeto do arquiteto Hélio Duarte.

Mesmo com a reforma, assinada pelo escritório mineiro Arquitetos Associados, o mesmo por trás de vários pavilhões do Instituto Inhotim, em Minas Gerais, o ar colegial ainda se mantém no endereço. Afinal, o prédio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Os portões da entrada lembram a nostálgica hora da saída, e o pátio central, a hora do recreio.

"Pensamos em aproveitar tudo o que uma escola tem de bom, o pátio, e derrubar tudo o que tem de ruim, os muros", diz Jochen Volz, diretor-geral da Pinacoteca. "Esse novo espaço não vai só expor arte contemporânea, antes, é um espaço contemporâneo para a arte."

Ao todo, R$ 85 milhões foram investidos para que a obras terminassem ainda na atual gestão do governo —sendo R$ 55 milhões dos cofres públicos e R$ 30 milhões doados pelo empresário Marcel Telles, um dos fundadores da Ambev.

Com quase 6.600 metros quadrados de área construída —e 3.550 metros de área expositiva—, a Pinacoteca Contemporânea se junta à Pina Luz e a Pina Estação para formar um complexo artístico com pouco mais de 22 mil metros quadrados de área total no centro da cidade. Dessa forma, o museu passa a ser o segundo maior da América Latina, apenas atrás do Museu de Antropologia Nacional do México —com quase 80 mil metros quadrados.

Segundo Volz, o novo edifício terá maior flexibilidade para receber obras tridimensionais de grandes dimensões, além de projetos especiais, que demandam mostras de grande escala. Por isso, estão previstas para o início do ano exposições da sul-coreana Haegue Yang, que desafia o espaço convencional dos museus, e de itens do próprio acervo da Pinacoteca, antes impossíveis de serem mostrados.

Mais importante ainda é a expansão da reserva técnica do acervo, com sistema de climatização criado especificamente para aquele ambiente e tecnologia anti-incêndio de última geração.

Com três entradas, a estrutura da Pina Contemporânea funciona como vasos comunicantes ao Bom Retiro. Além das portas para a avenida Tiradentes, há uma entrada lateral e outra que se conecta com a Pina Luz, com passagem pelos jardins.

"Cada prédio tem uma especificidade, mas aqui o mais relevante é o contato direto com o público", afirma Volz. Logo depois dos cobogós, o visitante encontra a bilheteria. À direita, ficam as reservas técnicas, ocupando dois pisos. Do lado oposto, estão o centro de documentação, uma biblioteca e uma cafeteria.

Seguindo em frente, atingimos o pátio, de onde se tem ampla visão de todo o edifício. Parte dele, nas laterais, fica a céu aberto, com um jardim e uma arquibancada, para palestras e artes cênicas. O novo projeto agrega ainda um prédio de Ramos de Azevedo, remanescente do terreno e revitalizado como sede administrativa.

Ao fundo, ficam dois ateliês para projetos educativos, a Galeria da Praça, com 200 metros quadrados, além da lojinha e dos banheiros. O piso inferior, na continuidade do jardim, abrigará a Grande Galeria, com mil metros quadrados.

O desejo de construir uma terceira sede para a Pinacoteca surgiu ainda em 2006, quando a Associação Pinacoteca Arte e Cultura, a Apac, que administra a instituição, se mostrou empenhada em aumentar o espaço arquivístico e expositivo.

Só em 2020, depois de uma conversa com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa, o plano pôde ser efetivado. Para Sérgio Sá Leitão, que está à frente da pasta, o novo edifício é mais uma iniciativa para uma tentativa de mudar a situação nos arredores da Luz, dominada pela cracolândia e com altos índices de assalto.

"A cultura não resolverá o problema de todo o território urbano, mas esse conjunto de vetores positivos pode dar uma contribuição à vizinhança", diz ele.

Marilia Marton, como antecipou este jornal, foi escolhida por Tarcísio de Freitas, do Republicanos, para assumir o cargo no próximo governo. "Eu entrego uma secretaria mais organizada e estruturada, com um orçamento 42% maior, se comparado com 2018, então espero que a nova gestão dê continuidade aos projetos, mas também os aperfeiçoe", afirmou Sá Leitão.

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