Descrição de chapéu Obituário Djalma Limongi Batista (1947 - 2023)

Morre Djalma Limongi Batista, premiado cineasta de 'Asa Branca', aos 75 anos

Diretor nascido em Manaus foi celebrado nos festivais de Gramado e Brasília por filmes como 'Bocage: O Triunfo do Amor'

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São Paulo

Morreu nessa terça-feira o cineasta e professor Djalma Limongi Batista, autor dos filmes "Asa Branca: Um Sonho Brasileiro", premiado no Festival de Gramado de 1981, "Brasa Adormecida", de 1986, e "Bocage: O Triunfo do Amor", de 1998, sobre o célebre poeta português.

A morte foi confirmada por um amigo próximo do cineasta, que estava em São Paulo.

O cineasta Djalma Limongi Batista
O cineasta Djalma Limongi Batista em fotografia de 2016 - Arquivo pessoal

Nascido em Manaus, Batista lecionou direção de atores e realização no curso de cinema da Fundação Armando Alvares Penteado.

Sua formação se deu nos cinemas de Manaus, acompanhando desde filmes americanos e as chanchadas da Vera Cruz, até se deparar com as experiências do neorrealismo italiano e da nouvelle vague. Foi com uma câmera de 8 mm que fez seu primeiro curta amador, "As Letras 1", de 1960.

Em 1964, com sua mudança para Brasília, frequenta o curso de cinema da Universidade de Brasília, UNB, onde tem aulas com Paulo Emílio Salles Gomes, Nelson Pereira dos Santos e Jean-Claude Bernardet. Em 1968, entra no curso de cinema na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e tem, entre seus colegas, nomes como Ismail Xavier e Aloysio Raulino.

Sua estreia no cinema se deu com o curta "Um Clássico, Dois em Casa, Nenhum Jogo Fora", de 1968, uma das primeiras obras brasileiras a retratar uma relação homossexual nas telonas.

Também dirigiu o documentário de curta-metragem "Porta do Céu", de 1973, e o experimental "Hang-Five", de 1975. Em paralelo, trabalha como fotógrafo e colabora com o diretor teatral Flavio Império na criação dos cenários para peças.

Seu primeiro longa-metragem é celebrado com os prêmios de melhor direção e melhor ator coadjuvante para Walmor Chagas no Festival de Brasília, além da estatueta de melhor ator para Edson Celulari, que fazia seu primeiro papel no cinema, como um jogador de futebol que sai de um pequeno time paulista e vai até a Copa do Mundo.

Depois de "Brasa Adormecida" e antes de "Bocage, o Triunfo do Amor", Djalma dirigiu ainda, em 1991, sua versão da peça "Calígula", do francês Albert Camus, no teatro.

Inspirado na vida e na poesia do poeta português Manuel Maria de Barbosa du Bocage, o último longa de Batista foi rodado no Ceará, Amazonas, Rio Grande do Norte, Paraná, Paraíba e Portugal.

Sobre "Bocage", escreveu o crítico José Geraldo Couto: "As imagens, captadas em cinemascope em praias do Ceará, na Amazônia, no Iguaçu e em aldeias portuguesas, são de uma exuberância avassaladora, mas não se esgotam no pictórico: integram-se organicamente ao movimento dramático do filme."

"A liberdade narrativa é total. Uma personagem sai de um palácio e vê-se diante de uma tapera de pau-a-pique. Os continentes, cenários e paisagens misturam-se acintosamente, sem que se perca o fio da narrativa: o inventário sexual e afetivo do poeta", diz Couto em texto publicado neste jornal. "Os excessos alegóricos do filme não comprometem sua opulência visual e sonora. Obra de paixão transbordante, "Bocage" não recua nem diante do kitsch nem do obsceno. Poesia visual não-pasteurizada, enfim."

Erramos: o texto foi alterado

O obituário trazia uma foto de um parente homônimo do cineasta ​​Djalma Limongi Batista. A imagem foi substituída.

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