Exposição de Almandrade é destaque na SP-Arte; o que ver nesta edição da feira

Setor de design, maior este ano, tem bancos desenhados por indígenas do Xingú e luminárias de papel de Mel Kawahara

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São Paulo

Quem caminhar pelos corredores do Pavilhão da Bienal nesta quarta-feira (29), primeiro dia de SP-Arte, vai se deparar com muita carne viva de Adriana Varejão, bandeirinhas de Volpi e os bichos desenhados com terra de Maria Lira —artista do Vale do Jequitinhonha que conquistou o mercado depois de descoberta pela Gomide & Co. Obras desses nomes reconhecidos estão onipresentes no 19ª edição da feira de arte paulistana, que vai até domingo (2).

Há também pequenas joias espalhadas pelo evento, como uma escultura em madeira de Lygia Clark, na galeria Ipanema, obra que lembra a entrada de uma casa, duas esculturas geométricas em plexiglass do húngaro que morou no Brasil Kazmer Fejer, na Berenice Arvani, e um boneco de madeira representando um gângster, do uruguaio Joaquín Torres-García, na galeria de Las Misiones.

Pintura de 1979 de Almandrade em exposição no estande da Paulo Darzé galeria
Pintura de 1979 de Almandrade em exposição no estande da Paulo Darzé galeria - Márcio Lima

Mas mais do que zanzar caçando obras entre as dezenas de galerias, vale investir tempo visitando estandes temáticos. A Paulo Darzé fez um espaço somente com obras de Almandrade, em comemoração aos 50 anos de produção do artista baiano —são 60 trabalhos, entre desenhos, pinturas e objetos que, em conjunto, formam uma exposição digna de museu.

A Gomide & Co reuniu em seu estande apenas trabalhos em cerâmica, areia e terra, numa combinação inusitada que junta Leonilson, Picasso, León Ferrari e Anna Maria Maiolino e dá ao espaço todo uma coloração marrom. A galeria Marcelo Guarnieri colocou lado a lado as esculturas brutas de Liuba com as pinturas abstratas imensas de Alice Shintani, que foram bem recebidas na última Bienal de São Paulo.

A Lima, galeria do Maranhão estreante na feira, fez um estande temático bumba meu boi, onde o ponto alto são as máscaras de Zimar. Outras galerias trazem obras bem mais acessíveis, como a BG27, por exemplo, que exibe um mural de notas de US$ 1 pintadas com motivos pop como a imagem do estilista Karl Lagerfeld e o rosto do Mickey.

Com preço abaixo de R$ 1.000, temas de fácil identificação e possibilidade de serem comprados individualmente, os dólares ficavam pouco tempo expostos de tanto que vendiam.

Movimentadas também estavam as salinhas das galerias mais poderosas onde as vendas de obras de dezenas ou centenas de milhares de reais são concretizadas, e uma hora depois de aberta somente para colecionadores e convidados, a feira já estava cheia.

"A demanda está aquecida", disse a consultora Cristina Tolovi, que educa clientes sobre o colecionismo e já havia vendido algumas obras do Solar dos Abacaxis, espaço de arte carioca.

Nos corredores do pavilhão, o vai e vem de bolsas Chanel e looks da Gucci indica que dinheiro não falta. Mas ainda é cedo para dizer se a demanda vai se traduzir em vendas. Neste primeiro dia, alguns galeristas pareciam mais comedidos do que em outros anos quando questionados sobre o que já tinha saído.

Rodrigo Mitre, da galeria Mitre, tinha comercializado uma pintura de Wallace Pato e disse que havia interessados em outros trabalhos. Berenice Arvani, da galeria de mesmo nome, afirmou que estava negociando obras com galerias do exterior.

Conversas de corredor dizem que, neste ano, o setor de design finalmente se igualou ao de arte em relevância, embora não em número de estandes —são 45 de mobiliário e objetos contra mais do que o dobro de galerias.

Peças multifuncionais da Ovo, desenhadas por Gerson de Oliveira e Luciana Martins
Peças multifuncionais em pedra e metal da Ovo, desenhadas por Gerson de Oliveira e Luciana Martins - Divulgação Ovo

Afora o móvel moderno brasileiro, presente em vários espaços por ser um xodó dos colecionadores, é possível ter uma noção do design contemporâneo brasileiro ao visitar a feira.

Não há uma linguagem homogênea neste campo, que compreende peças tão diferentes como as delicadas luminárias de papel de Mel Kawahara, os bancos rústicos criados por Rodrigo Silveira com indígenas do Xingú, e as mesinhas laterais de pedra com base de metal da Ovo.

19ª SP-Arte

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