Fila de show de Taylor Swift tem mais supervisão policial e três cambistas detidos

Venda geral no Allianz Parque, em São Paulo, atraiu público maior que o da segunda-feira, mas foi mais calma

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São Paulo

Apesar de mais cheia do que na última segunda (19), a fila para a compra de ingressos dos shows extras de Taylor Swift, em São Paulo, foi mais tranquila nessa quinta-feira (22), com maior supervisão policial após protestos de fãs e do Procon. Dessa vez, a venda foi geral e não apenas para clientes do C6 Bank, como no início da semana.

Se na outra ocasião foram encaminhados 30 suspeitos de cambismo para a delegacia, nessa manhã foram apenas três, segundo o delegado da Primeira Delegacia do Consumidor, Paulo Alberto Mendes Pereira.

Fila da bilheteria, no Allianz Parque, onde são vendidos os ingressos para o shows da Taylor Swift - Danilo Verpa/Folhapress

À Folha, ele afirmou que a supervisão da fila foi semelhante à da pré-venda: foi solicitado que cada pessoa mostrasse seu RG e cartão de crédito utilizado para a compra e, caso os nomes não fossem iguais, a Polícia Civil iniciava uma rápida entrevista.

"Quem não sabe explicar a divergência é encaminhado para a delegacia, para que se investigue a possibilidade de venda para terceiros com superágio", afirmou o delegado.

Segundo Pereira, a dificuldade de punir cambistas está ligada ao fato de que a lei utilizada para esse tipo de crime data de 1951 e deveria ser aprimorada. Ele citou que o Estatuto do Torcedor auxilia a fiscalização de cambistas, mas que é valida apenas para a entrada em jogos esportivos.

Apesar de enquadrar a prática como ilegal, a Lei de Crimes Contra a Economia Popular não detalha as atividades ilegais cometidas por cambistas.

A deputada federal Simone Marquetto, do MDB, elaborou um Projeto de Lei que tipifica como crime a prática de venda de ingressos por cambistas a preços superiores aos originais.

Consta também no texto a punição para facilitar ou favorecer o trabalho dos cambistas, por meio de repasse ou venda de ingressos mediante promessa de vantagem ou remuneração indevida.

A deputada espera que o Projeto de Lei seja pautado com urgência na Câmara.

O delegado afirmou que a Polícia Civil está conduzindo uma investigação para identificar a prática de cambismo na internet, e que os detalhes serão anexados ao inquérito aberto em São Paulo.

Já Claudio Langroiva Pereira, professor de Processo Penal da PUC-SP, não acredita que a alteração da lei irá impactar a realidade como esperado.

Ele afirma que a criação de melhores mecanismos administrativos de fiscalização por parte das produtoras seria um caminho mais efetivo do que recorrer ao Código Penal.

"Precisamos cobrar mais responsabilidade social das vendedoras de ingressos, que organizam e lucram com os shows", argumentou. Segundo Langroiva, a T4F poderia, por exemplo, ter estabelecido de antemão a paridade de nome entre documento e cartão de crédito para a venda.

Giovana Moreno de Souza, de 19 anos, esteve na fila da primeira venda geral por dois dias, mas não conseguiu ingresso. "Foi uma bagunça. Tinha muito cambista, eles vinham em manada", disse.

Segundo ela, havia cerca de 600 pessoas na sua frente. Na outra ocasião, os ingressos esgotaram em minutos. Ontem, cerca de duas horas depois do início das vendas, tanto presenciais quanto online, ainda havia ingressos disponíveis.

Dessa vez, a jovem acampou desde terça-feira (20) em frente ao Allianz e ficou na décima barraca, com apenas 60 pessoas na sua frente.

Ela conta que usou o cartão de crédito de seu amigo para comprar os ingressos e foi interrogada pela polícia, mas como o dono do cartão estava ao seu lado, foi liberada para a aquisição.

"Está bem mais organizado dessa vez", afirmou a fã.

O Procon declarou, em nota, que a Tickets For Fun omitiu a quantidade de ingressos disponibilizados para venda presencial aos fãs, o que configura infração do Código de Defesa do Consumidor.

O órgão notificou a empresa para que forneça os dados.

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