Internado com 53% do corpo queimado após seu apartamento pegar fogo, Zé Celso, 86, já havia testemunhado um incêndio de grandes proporções há quase seis décadas, mas no Teatro Oficina, que fundou e administra.
Em 31 de maio de 1966, um curto-circuito deu início a um incêndio no local. O fogo se alastrou rapidamente pelo forro do teatro, que foi destruído por completo. Os bombeiros só conseguirem impedir que as chamas chegassem a prédios vizinhos.
Zé Celso atribuiu o incêndio, em entrevista à revista Veja, aos militares que perseguiam o transgressor grupo de teatro. Ele próprio, nos anos 1970, seria preso e torturado por agentes da ditadura que regia o país à época, sendo obrigado a passar quatro anos em exílio em Portugal.
Para reconstruir a sede no Bexiga, em São Paulo, foram montados dois espetáculos para angariar fundos, um dirigido por Ary Toledo e outro por Jô Soares.
A reinauguração não demoraria a acontecer —em setembro de 1967, o Oficina estava de pé novamente, para receber o que seria um marco dos palcos brasileiro, "O Rei da Vela".
O INCÊNDIO NO APARTAMENTO DE ZÉ CELSO
Na tarde desta terça, o cheiro de fuligem, que sujou as janelas, ainda era forte em frente ao prédio. Uma idosa que é vizinha de Zé Celso disse que sentiu o odor assim que acordou. Ela conta que se questionou se o fogo seria no próprio apartamento, mas então percebeu que se tratava do imóvel vizinho.
O porteiro, que preferiu não se identificar, afirmou que apenas o apartamento de Zé Celso foi atingido no prédio. À imprensa Pascoal da Conceição, ator e amigo do dramaturgo, disse que o artista estava trabalhando durante a noite com o livro "A Queda do Céu".
Perto do amanhecer, Zé Celso teria ligado o aquecedor do quarto e ido dormir. O incêndio teria começado devido a uma pane no aparelho e se espalhado rapidamente para a sala em razão da grande quantidade de livros no imóvel.
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