"Achei um poeta original", escreveu Machado de Assis em 1868, em resposta a uma carta de recomendação de José de Alencar. A troca de missivas entre os gigantes da literatura brasileira tratava de outro autor conhecido da dupla.
"O mal da nossa poesia contemporânea é ser copista —no dizer, nas ideias e nas imagens. Copiá-las é anular-se. A musa do sr. Castro Alves tem feição própria", continuou Machado, concordando com Alencar sobre as qualidades do poeta baiano.
Castro Alves publicou um único livro em vida, "Espumas Flutuantes", de 1870. O volume integra a Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira e chega às bancas no domingo (1º).
Nele, constam "versos patrióticos e estribilhos singelos", como explica Adriano Schwartz, professor de literatura da Universidade de São Paulo (USP), no texto de contracapa da edição.
Entre os estribilhos singelos, está "Laço de Fita", por exemplo. Escreveu o poeta: "Na selva sombria de tuas madeixas,/Nos negros cabelos da moça bonita,/Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem, /Formoso enroscava-se/ O laço de fita."
Na obra, há ainda traduções feitas por Castro Alves de escritores que considerava inspirações, o inglês Lord Byron e o francês Victor Hugo. Assim como Victor Hugo, Castro Alves era um republicano e humanista.
O brasileiro lutou contra a escravidão, mas não foi testemunha do seu fim. O autor de "Navio Negreiro" morreu em 1870 e a abolição veio somente em 1888.
Baiano como ele, Jorge Amado publicou em 1941 "ABC de Castro Alves", uma biografia que chamava de louvação. Nela, escreveu que o "poeta do povo" foi "o mais belo espetáculo de juventude e de gênio que os céus da América presenciaram".
Em "Espumas Flutuantes", Castro Alves escreveu o clássico "O livro e a América". O poema serve como um convite para a leitura do seu próprio livro: "Oh! Bendito o que semeia/ Livros… livros à mão cheia…/ E manda o povo pensar!/O livro caindo n’alma/É gérmen – que faz a palma,/ É chuva – que faz o mar".
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A Coleção Clássicos da Literatura Luso-Brasileira reunirá um total de 30 livros, intercalando obras de grandes escritores portugueses e brasileiros, em edições em capa dura.
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