Descrição de chapéu Obituário Dariush Mehrjui (1939 - 2023)

Cineasta Dariush Mehrjui, do novo cinema iraniano, e sua mulher são mortos a facadas

Diretor de filmes como 'A Vaca' e 'Leila' fez parte da primeira onda do movimento que renovou as produções do Irã

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São Paulo e Teerã (Irã) | AFP

O cineasta iraniano Dariush Mehrjui, da primeira onda do novo cinema iraniano, foi esfaqueado até a morte no sábado à noite, juntamente com sua esposa, em sua casa perto de Teerã, segundo autoridades do Irã.

O cineasta, de 83 anos, ficou célebre por longas como "A Vaca", de 1969, um dos destaques do novo cinema iraniano, movimento que renovou os filmes do país a partir da década de 1960, e inclui nomes como Hajir Darioush, Masoud Kimiai e Davoud Mollapour.

O cineasta Dariush Mehrjui e sua mulher, Vahida Mohammadifar, em julho de 2015 - Abdulwahed Mirzazadeh/Isna News via AFP

Nomes mais conhecidos internacionalmente hoje, como Abbas Kiarostami, Jafar Panahi e Asghar Farhadi, fazem parte da segunda onda do movimento, compreendendo os filmes feitos após a Revolução Iraniana de 1979.

"Durante a investigação preliminar, descobrimos que Dariush Mehrjui e sua esposa, Vahideh Mohammadifar, foram assassinados com múltiplas facadas no pescoço", anunciou o chefe de justiça da província de Alborz, próxima a Teerã, Husein Fazeli-Harikandi, citado pela agência Mizan Online.

A filha do realizador, Mona Mehrjui, encontrou os corpos quando foi visitar os pais, na noite deste sábado.

Em uma entrevista publicada no domingo pelo jornal Etemad, a esposa do cineasta havia declarado que havia recebido ameaças e que sua casa havia sido roubada.

"A investigação mostrou que nenhuma queixa foi registrada sobre a entrada ilegal na casa da família Mehrjoui e o roubo de suas propriedades", acrescentou Fazeli-Harikandi.

Nascido em 8 de dezembro de 1939 em Teerã, Dariush Mehrjui estudou filosofia nos Estados Unidos antes de retornar ao Irã, onde lançou uma revista literária e lançou seu primeiro filme em 1966, "Diamond 33", uma paródia dos filmes de James Bond.

Entre 1980 e 1985, o cineasta permaneceu na França, onde dirigiu "A Viagem ao País de Rimbaud". Ao retornar ao Irã, ele teve sucesso de bilheteria com "Os Inquilinos". Além dos filmes, trabalhou como tradutor para o persa de autores como Eugène Ionesco e Herbert Marcuse.

"Fui muito influenciado por Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni", disse ele recentemente em entrevista à imprensa iraniana. "Não faço filmes diretamente políticos para promover uma ideologia ou ponto de vista específico. Mas tudo é político. O cinema é como a poesia, que não pode tomar partido de ninguém. A arte não deve se tornar uma ferramenta de propaganda."

Em 1990, ele filmou "Hamoun", uma comédia de humor negro sobre as 24 horas da vida de um intelectual angustiado por seu divórcio e suas preocupações intelectuais, em um Irã invadido pelas empresas tecnológicas Sony e Toshiba.

Na década de 1990, Mehrjui também retratou mulheres, incluindo "Leila", de 1997, um melodrama sobre uma mulher estéril que incentiva seu marido a se casar com uma segunda esposa.

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