Cantora israelense chega à final do Eurovision após críticas em ato pró-palestina

Artista se apresentou poucas horas depois de cerca de 12 mil manifestantes protestarem contra a participação de Israel

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Camille Bas-Wohlert
AFP

Israel se classificou nesta quinta-feira (9) para a final do festival de música Eurovision, que acontece na cidade sueca de Malmö, em meio à polêmica sobre a participação do país no evento.

Realizado anualmente, a competição reúne países europeus para eleger, por voto popular, uma canção e intérprete vencedores. Na edição deste ano, 26 países participam.

Cantora israelense Eden Golan representando Israel com a canção "Hurricane" durante ensaio antes da final do 68º Eurovision - Tobias Schwarz/AFP

A israelense Eden Golan cantou a música "Hurricane" diante de 9.000 pessoas na Malmö Arena, sem o registro de incidentes, poucas horas depois de cerca de 12 mil manifestantes protestarem contra a presença de Israel no festival e expressarem sua indignação pela guerra na Faixa de Gaza.

Os participantes agitavam bandeiras palestinas e cartazes que criticavam a União Europeia de Radiodifusão (UER), que organiza o Eurovision.

"A UER legitima o genocídio" e "não se pode fazer uma lavagem cor-de-rosa no colonialismo", diziam algumas mensagens.

Em outro bairro da cidade, uma centena de pessoas se reuniu sob forte proteção policial para celebrar a participação de Israel.

Em 2022, a UER fechou as portas para a Rússia por conta da invasão à Ucrânia. No ano passado, impediu que o presidente ucraniano Volodimir Zelenski tomasse a palavra.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que a cantora representando o país havia vencido por resistir aos protestos, os quais o político descreveu como "uma onda horrível de antissemitismo".

Croácia, Suíça e Ucrânia são as favoritas da competição, com propostas artísticas originais. Dentro da Arena Malmö, a organização do Eurovision proibiu, como de costume, qualquer bandeira que não seja de um país participante e cartazes com mensagens políticas.

Na semifinal deste ano, o cantor sueco Éric Saade vestiu um lenço palestino no palco. A UER e a emissora pública sueca SVT lamentaram o gesto e insistiram em que o evento é apolítico.

Para os fãs da competição, que deve atrair um público de até 100 mil pessoas, "o importante é o que está no palco, e não a política", segundo o professor Andreas Önnerfors, especialista no concurso, que existe há quase 70 anos. "O Eurovision é uma amostra de tolerância europeia que não se encontra sob outras formas nem em outros lugares."

"Tem que haver manifestações, as pessoas têm que expressar suas opiniões, têm que boicotar", disse à AFP Magnus Børmark, um candidato norueguês com seu grupo Gåte, que, como outros oito participantes, pediu um cessar-fogo duradouro em Gaza.

Alguns membros da comunidade judaica planejam deixar a cidade no fim de semana. "Com o Eurovision, há uma espécie de intensificação. O sentimento de insegurança aumentou depois de 7 de outubro", quando um ataque mortal do Hamas em Israel desencadeou a nova fase da guerra, "e muitos judeus estão preocupados", explicou o porta-voz Fredrik Sieradzki.

Segundo Sieradzki, as manifestações pró-palestinos não foram diretamente dirigidas aos judeus da cidade, mas a segurança em torno da sinagoga foi reforçada.

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