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Marcos Augusto Gonçalves

Lula 'amadurece' e acerta tom em entrevista após G7

Presidente mostrou realismo e foi firme em defesa do que entende ser do interesse do Brasil

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Marcos Augusto Gonçalves
Marcos Augusto Gonçalves

Editor da Ilustríssima e autor de '1922 - A Semana que Não Terminou' (Companhia das Letras, 2012)

A entrevista coletiva do presidente Lula após o encontro do G7 mostrou uma liderança pragmática e sem a estridência conflitiva de outras ocasiões. Lula parece estar entendendo como a banda toca e se adaptando ao ritmo da marcha.

Sem elevar o tom e ceder à tentação de causar no palanque, foi realista quanto às circunstâncias, sejam as da guerra, sejam as relativas às cisões geopolíticas e econômicas, mas defendeu com firmeza e serenidade as posições que acredita mais favoráveis ao Brasil.

Não se poderia esperar que Lula se comportasse como se fosse líder de um país rico membro da Otan, mesmo porque não é –ficamos, aliás, no Atlântico Sul.

Lula com Joe Biden, presidente dos EUA, na cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão; ambos sorriem
Lula com Joe Biden, presidente dos EUA, na cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão - Ricardo Stuckert/Presidência da República/AFP

E é do ponto de vista do que se chama de Sul Global que o Brasil fala. E fala também de seu ponto vista histórico, de nação que sempre atuou diplomaticamente para aplacar guerras e conflitos e preferencialmente manter relativa distância das polarizações para obter eventuais vantagens.

"Não fui ao G7 para discutir guerra", disse, minimizando o "no show" da estrela "ex machina" Zelenski, e acenando com a necessidade de refundar a ONU como fórum mais efetivo para o debate e as decisões internacionais. É de interesse do Brasil.

Lula entendeu que Ucrânia e Rússia não querem a paz neste momento, mas aposta, com boas chances de acertar, que haverá um momento para isso.

No conjunto da obra, saiu por cima da festa dos ricos. E ainda mandou um recado bem mandado para o racismo que vai imperando nos estádios espanhóis (não só) e que se volta agora, mais uma vez, de maneira repugnante contra o craque brasileiro Vini Jr., do Real Madri.

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