70 anos após 1ª descoberta, Brasil inicia nova etapa de produção de petróleo
Com a perspectiva de se tornar um dos principais produtores de petróleo no mundo com o advento do pré-sal, o Brasil prepara-se para iniciar mais uma etapa na sua história de exploração. A primeira descoberta do recurso mineral completa 70 anos nesta quarta-feira.
Em 21 de janeiro de 1939 foi encontrado óleo, ainda que de forma subcomercial, em Lobato, bairro da periferia de Salvador (BA). A descoberta, em terra, estava anos-luz do atual estágio do país, um dos líderes na tecnologia de exploração em águas profundas.
A busca pelo petróleo na região havia começado de forma oficial cerca de seis meses antes, com o início da perfuração do poço DNPM-163. Mas os indícios de petróleo na região surgiram no início daquela década, quando moradores da região passaram a relatar o surgimento de uma material escuro, semelhante a uma "lama preta", que brotava do chão daquela localidade.
O agrônomo Manoel Inácio Bastos colheu o material e levou ao então presidente, Getúlio Vargas. A partir daí, começou a discussão sobre a possibilidade de haver petróleo em solo brasileiro. Em 1938, havia sido criado o CNP (Conselho Nacional do Petróleo), que determinou que as jazidas que seriam encontradas eram patrimônio da União.
A partir da descoberta em Lobato, feita por Bastos e Oscar Cordeiro, começavam a pipocar na Bahia, no Recôncavo, pequenas descobertas em terra. Deu-se início então, no início dos anos 50, a campanha "O Petróleo é Nosso", que resultou na criação da Petrobras, em 1953.
A criação da estatal foi decisiva para impulsionar a produção de petróleo no país. A produção não parava de crescer, mas se limitava basicamente à exploração em terra. A produção marítima era insignificante e limitava-se a extensões da exploração em terra, em profundidades ínfimas.
Nos anos 60, a possibilidade de achar petróleo no mar, em escala comercial, fez com que a Petrobras resolvesse apostar nessa perspectiva. Em junho de 1968, a estatal perfurou o primeiro poço na plataforma continental, o ES-1, na bacia do Espírito Santo. O geólogo Paulo Araripe era funcionário da Petrobras desde 65, e lembra que as primeiras perfurações não foram bem-sucedidas.
"Pensava-se em encontrar uma coisa bem pequena, não se tinha noção que se poderia chegar à produção atual em mar", afirma Araripe, que depois de se aposentar, em 1995, trabalhou oito anos na ANP (Agência Nacional do Petróleo), e atualmente, atua na consultoria StrataGeo.
A sonda que estava no Espírito Santo foi deslocada para o Sergipe. Lá, em 15 de setembro de 1968, foi descoberto óleo no campo de Guaricema. A partir daí, a estatal começou a fazer algumas descobertas em águas nordestinas, como o campo de Ubarana, na bacia Potiguar.
A nova aposta, então, passou a ser a bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Depois de oito poços perfurados e nenhum volume de petróleo encontrado, os técnicos da Petrobras eram a expressão do desânimo, lembra Araripe.
Na perfuração seguinte, o cenário mudou completamente: a significativa quantidade de óleo para a época, encontrada no campo de Garoupa, em 1974, foi o estopim para uma sequência de perfurações e descobertas que levaram o Brasil ao atual estágio de produção, próximo da média diária de 2 milhões de barris/dia (a média de 2008 foi de 1,854 milhão de barris/dia).
Cada vez mais se encontrava óleo, e em profundidades maiores, o que forçou a Petrobras a transformar-se em uma das empresas pioneiras em explorações em regiões mais profundas.
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