EUA preparam campanha de investimento na África
Os Estados Unidos estão planejando uma ofensiva de comércio e investimento para aproveitar as oportunidades de negócios que a África oferece a companhias norte-americanas, depois de anos de rápida expansão da China e de outros países emergentes em todo o continente.
Os investimentos norte-americanos na África caíram com relação aos da China e de outros países emergentes durante uma década de conflitos envolvendo forças norte-americanas no Oriente Médio e de foco no reforço nas relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Ásia.
A Casa Branca enviou três representantes de primeiro escalão de sua área comercial e econômica à região, neste mês, para discutir maneiras de reforçar a presença das companhias norte-americanas nos mercados africanos.
"Existe claramente um senso de oportunidade na África e o governo dos Estados Unidos está tentando aproveitá-la", diz um importante funcionário dos Estados Unidos, que pediu que seu nome não fosse citado.
"Vemos [a África] como uma fonte de oportunidades reais".
INTERESSES NA ÁFRICA
O governo norte-americano também anunciou que realizaria em agosto o primeiro fórum de negócios África-Estados Unidos, para "reforçar os elos comerciais e financeiros" com a região.
O fórum, que as autoridades norte-americanas disseram congregaria dezenas de presidentes de empresas africanas e dos Estados Unidos, acontecerá na véspera da conferência de cúpula entre o presidente Barack Obama e os líderes de cerca de 50 países africanos, na Casa Branca.
De acordo com o Banco de Desenvolvimento Africano, a China construiu um relacionamento estreito com seus parceiros africanos ao acoplar forte comércio e nível elevado de investimento.
Pequim também ofereceu aos países africanos linhas de crédito no valor de bilhões de dólares.
Países emergentes como a Turquia, Malásia e Brasil também investiram pesadamente na região na última década, quando os investimentos ocidentais perderam força.
CHINA E JAPÃO
O comércio entre os Estados Unidos e os países africanos dobrou na década passada, de US$ 50 bilhões anuais no começo dos anos 2000 a US$ 110 bilhões no ano passado, enquanto o comércio entre a China e a África crescia de apenas US$ 10 bilhões em 2000 a mais de US$ 200 bilhões no ano passado, o que faz da China o maior parceiro comercial da África.
O Japão também está aprofundando sua relação comercial e de investimento com a África, deixando para trás o tradicional foco do país em verbas de assistência.
Shinzo Abe este ano liderou a primeira visita de um primeiro-ministro japonês à África subsaariana em oito anos, uma viagem que Tóquio descreveu naquele momento como destinada a apoiar "os investimentos das companhias japonesas e garantir importantes recursos naturais" na região.
Países europeus, especialmente Reino Unido, França e Itália, aderiram à luta para garantir contratos de infraestrutura, igualmente, dizem funcionários de seus governos e empresários.
Em 2014, a previsão é de que a África subsaariana cresça em 5,4%, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que a tornaria a segunda região de crescimento mais rápido do planeta, atrás apenas dos países em desenvolvimento asiáticos, que incluem China e Índia.
ELOGIOS AOS EUA
Empresários e políticos dos países asiáticos receberam positivamente a abordagem norte-americana, elogiando a mudança de atitude, ainda que alguns empresários tenham acautelado que os Estados Unidos teriam de trabalhar muito para recuperar o atraso com relação à China na região.
Tony Elumelu, bilionário nigeriano que controla o conglomerado Heirs Holding, de Lagos, disse que havia sinais de que Washington "está disposta a se envolver na África... de modo diferente".
Os Estados Unidos estão em meio à renovação de um acordo de comércio preferencial que assinaram com a região 13 anos atrás e que expira em 2015, mas querem mais acesso para seus produtos e investimentos na região.
A Lei do Crescimento e Oportunidade na África, adotada sob a presidência de Bill Clinton em 2000 e renovada na presidência de George W. Bush, serve de base ao relacionamento econômico entre os Estados Unidos e a África, oferecendo aos países africanos acesso livre de tarifas ao mercado norte-americano para produtos que variam do petróleo aos frutos do mar.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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